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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pobres dariam a vida para morar no Brasil da propaganda de Bolsonaro

Colunista do UOL

02/06/2022 09h30

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Se os órgãos de defesa do consumidor tivessem um departamento eleitoral, a propaganda enganosa do PL com Bolsonaro sairia do ar. E seus idealizadores seriam proibidos de exercer a profissão de marqueteiro. Até a empulhação eleitoral tem limites. Na peça que começa a ser exibida nesta quinta-feira, Bolsonaro diz a um grupo de jovens que "a família é a base de tudo." É melhor não discutir com um especialista.

Desde que entrou para o Exército, em 1973, Bolsonaro vive às custas do contribuinte. Expurgado da carreira militar, virou político profissional. Em quase meio século, transformou a família num puxadinho dos cofres públicos. Elegeu três filhos e fundou a holding da rachadinha. Entre ex-mulheres, fantasmas e laranjas —uns parentes dos outros— a organização familiar empregou mais de uma centena de pessoas, das quais eram extorquidos até 80% dos salários, para compor o patrimônio familiar.

Bolsonaro encerra a peça publicitária com uma frase 100% feita de empulhação: "Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração seremos uma grande nação." Na pandemia, Bolsonaro aliou-se ao vírus. Na corrupção, eliminou intermediários, privatizando o orçamento ao centrão. O Deus de Bolsonaro está armado até os dentes. E os brasileiros que cozinham com fogo à lenha para não gastar 13% do salário mínimo com um botijão de gás dariam a vida para morar na "grande nação" da propaganda do PL.

Exibida num instante em que a mansão de R$ 6 milhões de Flávio Bolsonaro retorna às manchetes, a propaganda estrelada por Bolsonaro ajuda a explicar por que um candidato à reeleição que aparece no Datafolha 21 pontos atrás do seu rival foge dos debates. Sem ter o que mostrar, Bolsonaro pede aos brasileiros que elejam a melhor encenação. Os jovens, público-alvo da propaganda, parecem dispostos a desempenhar muitos papeis na sucessão de 2022, exceto o de tolos.