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Brasil tem muito a aprender com Colômbia e Chile sobre alternância no poder
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Seguindo as pegadas do Chile, a Colômbia elegeu um presidente esquerdista. A julgar pelas pesquisas, o Brasil está prestes a fazer o mesmo. Quem quiser pode achar que a esquerda coleciona vitórias. Mas o triunfo não será medido pelas urnas, mas pela capacidade dos eleitos de converter esperança em resultados. Por ora, o que deve ser realçado é o velho e bom exercício da alternância no poder. Nessa matéria, o Brasil de Bolsonaro tem muito a aprender com chilenos e colombianos.
Eleito neste domingo, o senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro será o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia. A novidade mal havia saltado das urnas, no domingo, e o rival Rodolfo Hernández, um magnata populista de direita, já reconheceu a derrota. O presidente colombiano Iván Duque, duramente atacado por Petro durante a campanha, apressou-se em telefonar para o algoz, marcando o primeiro encontro para organização a transição de poder.
Algo semelhante ocorrera no Chile em dezembro do ano passado. Ali, o então deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric (pronuncia-se 'Borich') derrotou José Antonio Kast, um político assemelhado a Bolsonaro, defensor da ditadura de Augusto Pinochet. Além de reconhecer a derrota, Kast fez questão de visitar o comitê de campanha do vencedor. Na primeira reunião com Boric, o então presidente chileno Sebastian Piñera informou que o consultaria sobre decisões de governo antes mesmo de sua posse, que só ocorreria dali a três meses.
No Brasil, Bolsonaro questiona o processo eleitoral, coloca as "minhas Forças Armadas" para brigar com o TSE do "leninista" Edson Fachin e do "canalha" Alexandre de Moraes, e acena com a contestação do resultado das urnas caso Lula prevaleça. Se não aprender as lições que lhe chegam da Colômbia e do Chile, Bolsonaro consolidará o seu projeto de transformar o Brasil numa surubocracia anarco-direitista, na qual todo Poder é exercido para o povo, com o povo ou apesar do povo.
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