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Após tachar Globo de "lixo", Bolsonaro se socorre da audiência da "lixeira"
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Antes mesmo de tomar posse, Bolsonaro avisou que criaria uma espécie de Bolsa Mídia. Ainda em 2018, na condição de presidente eleito, ele declarou que era "totalmente favorável à liberdade de imprensa". Mas teve o cuidado de explicar que seu governo serviria o pão que o Tinhoso amassou aos veículos de comunicação que se comportassem de "maneira indigna". Bolsonaro soou claro: a imprensa que o imprensasse não teria "recurso do governo federal".
Hoje, às voltas com o risco de derrota, Bolsonaro redescobriu a importância da audiência. Continua chamando a Rede Globo de "lixo", mas o Planalto despejou na lixeira, nos seis primeiros meses deste ano, quase o dobro do que gastou em publicidade oficial no mesmo período em 2021. A Globo recebeu R$ 11,4 milhões até junho, contra R$ 6,5 milhões no primeiro semestre do ano passado. Um salto de 75%. A TV odiada ultrapassou concorrentes como SBT e Record, emissoras de estimação do presidente.
Bolsonaro privilegia a publicidade institucional, que trombeteia as hipotéticas realizações do governo, em detrimento das campanhas de utilidade pública. O problema das inserções que celebram feitos oficiais é que na maioria delas o governo costuma contar mentidas completas a partir de meias verdades. Mas isso sempre foi assim. Não é exclusividade da gestão Bolsonaro.
A diferença é que o presidente atual demorou a perceber que anunciar sem observar a audiência do veículo pode ser algo tão inútil quando piscar para o eleitorado no escuro. Candidato à reeleição, Bolsonaro sabe o que está fazendo. Mas o eleitor ignora a tentativa de sedução.
A conjuntura não ajuda Bolsonaro: inflação alta, crescimento mixuruca, corrupção no MEC, Petrobras no liquidificador, ameaças institucionais... Mas ficou claro desde a eleição de Fernando Collor que, com boa propaganda, parte do eleitorado pode acreditar até em ovo sem casca.
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