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Lula desperdiça vitrine suíça do fórum de Davos
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A presença no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, seria uma fabulosa oportunidade para Lula expor pessoalmente um plano estruturado, capaz de convencer o mundo de que aplicar no Brasil voltará a ser um bom negócio durante o seu mandato. Mas o presidente preferiu desperdiçar uma vitrine com cinco dezenas de chefes de Estado e centenas de líderes empresariais, empreendedores sociais, ativistas ambientais, chefes de organismos multilaterais e acadêmicos.
O governo brasileiro será representado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente). A ausência de Lula contrasta com a disposição que ele exibiu em novembro, quando foi ao Egito, antes de tomar posse, para expor seus compromissos ambientais na COP27, a conferência climática da ONU. Ao negligenciar o fórum econômico, Lula estimula a maledicência segundo a qual não se sente seguro para deixar o Brasil uma semana depois do 8 de janeiro.
Caberá a Haddad a tarefa de vender a tese de que o novo governo reconstruirá o Brasil —com estabilidade política, segurança jurídica, responsabilidade fiscal e prosperidade social. Seu desafio é contornar a impressão de que barganha peixes que o governo não sabe se conseguirá pescar. A tarefa de Marina é mais simples. Ela já é um peixe vistoso que Lula fisgou para sua equipe. Ainda que Marina não dissesse nenhuma palavra, o simples desfile de sua biografia sem pesticida pelos ambientes de Davos já deixaria claro que o Brasil faz agora o avesso do que fez e, sobretudo, deixou de fazer Bolsonaro no setor ambiental.
Seja como for, Lula erra ao se ausentar de Davos. O ex-presidente americano Harry Truman dizia que "um presidente é apenas um relações-públicas". Às vezes precisa "bajular e beijar". Outras vezes precisa "chutar as pessoas para que elas façam suas obrigações." A parte dos chutes o mundo conheceu com Bolsonaro. Num instante em que o mundo flerta com a recessão, Lula deveria ter notado a falta que faz na Presidência um bom caixeiro-viajante.
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