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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula tem final de semana para se livrar de armadilha do subsídio à gasolina

TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

24/02/2023 18h28

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Lula está preso numa armadilha. Prorrogou por três meses a isenção tributária que o antecessor concedeu à gasolina. A mágica de Bolsonaro expirou em 31 de dezembro. A prorrogação do truque tem prazo de validade até a próxima terça-feira. Lula dispõe do final de semana para decidir se tira o pé da cilada ou se continua prisioneiro da fantasia construída por Bolsonaro para obter uma reeleição que a maioria do eleitorado lhe sonegou.

Fernando Haddad e sua equipe econômica querem voltar a cobrar os impostos. Defendiam a reoneração dos combustíveis desde a fase de transição de governo. Foram derrotados pela entourage política do Planalto e pelos sábios do PT, que continuam aferrados à tese segundo a qual o reajuste na bomba —coisa de R$ 0,69 por litro— envenenaria os humores da classe média contra Lula.

Deixar as coisas como estão tem dois custos, um político e outro financeiro. O custo político leva à perda da coerência. Um governo que cultiva a defesa do meio ambiente fica sem nexo ao subsidiar a gasolina, um combustível fóssil cuja queima emite gases de efeito estufa. O custo financeiro da isenção aos combustíveis é estimado em mais de R$ 50 bilhões por ano.

Restabelecendo-se a cobrança agora, a coleta renderia ao Tesouro algo em torno de R$ 25 bilhões até o final deste ano. Nada mal para um governo que busca dinheiro para fazer investimentos sociais e convive com a perspectiva de um déficit público de R$ 230 bilhões em 2023.

Um problema não deixa de existir apenas porque o presidente finge ignorá-lo. A realidade é rude, mas ainda é o único lugar onde um pesidente pode conseguir decisões sensatas.