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Moraes descobre que golpistas civis e militares têm as mesmas flatulências
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Nesta segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República denunciou ao Supremo Tribunal Federal mais 80 pessoas acusadas de participação na intentona de 8 de janeiro. Com isso, subiu para 912 o número de denunciados. A maioria está presa. A lista não inclui nenhum fardado. Provocado pela Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes, relator da encrenca, determinou que os militares envolvidos nos atos golpistas também serão julgados pela Suprema Corte, não pela Justiça Militar.
Com 50 dias de atraso, Moraes descobriu que golpistas civis e militares se lambuzam da mesma maneira comendo manga ou digerindo a pregação gosmenta do bolsonarismo. A PF informou ao xerife do Supremo que PMs ouvidos em interrogatórios apontaram a participação de militares do Exército, por ação ou omissão. O ministro mencionou em seu despacho o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e o Batalhão da Guarda Presidencial.
Lula já providenciou a desbolsonarização do Planalto. Mas os militares saíram de fininho. Foram absorvidos suavemente em novas funções, como se nenhuma suspeita pairasse sobre eles. Alguns são alvejados por investigações sigilosas conduzidas pelo próprio Exército, sob a supervisão do Ministério Público Militar. Moraes determinou a abertura de inquérito pela Polícia Federal. Anotou em sua decisão o óbvio: a Justiça Militar não julga crimes de militares, mas crimes militares. Isso não inclui crimes previstos na Lei Antiterrorismo ou no Código Penal, sobretudo os que atentam contra o regime democrático.
Os golpistas militares foram lançados no mesmo caldeirão em que se encontram os civis das falanges bolsonaristas. Logo será constatado que fardados e paisanos se deslocam de forma semelhante na gosma quente. Fervem na mesma temperatura. Cantam o hino nacional no mesmo descompasso. Reagem com idêntica desenvoltura a discursos de ódio. Constatado que golpistas civis e militares apresentam as mesmas flatulências, espera-se que sejam julgados com igual rigor. Numa democracia, o maior excesso que pode ser cometido contra um golpista é o excesso de moderação.
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