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Decisão do TCU sobre joias dá a Bolsonaro aparência de um ladrão de circo
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Em três décadas de vida pública, Bolsonaro sempre fez pose de homem de bem. As rachadinhas da família deram a ele um semblante de homem que se deu bem. Agora, frequenta como homem flagrado com os bens o inquérito em que a Polícia Federal apura o escândalo das joias. Antecipando-se ao desfecho das investigações, o Tribunal de Contas da União tomou decisão que fez lembrar uma antiga história do ladrão de elefante flagrado pelo guarda do circo.
"Tanta coisa no circo para roubar e você foi pegar logo o elefante?!?", disse o guarda. "Podia ter roubado um macaco. Dizia que era seu irmão mais novo. Podia ter roubado o leão. Com um bom penteado, passava como um cachorro grande. O tigre podia ser confundido com um gato. Mas o elefante, francamente, não dá! O elefante ultrapassa todos os limites."
Até o TCU foi capaz de enxergar o elefante metafórico representado pelos dois estojos de joias trazidos da Arábia Saudita escondidos na bagagem do então ministro Bento Albuquerque e de um membro de sua comitiva. Em decisão unânime, os ministros do TCU mandaram Bolsonaro devolver à Presidência da República em cinco dias o embrulho com joias masculinas do qual se apropriou. O colegiado determinou também que as joias femininas de R$ 16,5 milhões, retidas na alfândega, sejam regularizadas e incorporadas ao acervo do Planalto
Houve mais: o TCU intimou Bolsonaro a devolver um fuzil e uma pistola que lhe foram presenteados pelos Emirados Árabes. Coisa de R$ 57 mil. Houve pior: auditores do tribunal de contas percorrerão toda a lista de presentes recebidos por Bolsonaro durante os quatro anos de mandato. Deseja-se verificar se nenhum outro elefante deixou o Alvorada no caminhão de mudança como patrimônio pessoal do ex-inquilino.
Lula e Dilma foram submetidos ao mesmo constrangimento. Ele teve que devolver 434 presentes. Ela, 117. O que distinguiu Bolsonaro foi a operação montada nos últimos dias de governo para tentar reaver, na base da carteirada, as joias milionárias apreendidas pelos fiscais da alfândega. Despido das prerrogativas do cargo de presidente, sem a blindagem do antiprocurador Augusto Aras, ficou mais difícil esconder elefantes.
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