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Josias de Souza

REPORTAGEM

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Defesa e aliados temem que Bolsonaro tenha que depor sobre 8 de janeiro

Colunista do UOL

30/03/2023 14h20Atualizada em 30/03/2023 15h16

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De volta ao Brasil, Bolsonaro vive a síndrome do que está por vir. Já foi convocado para depor à Polícia Federal no caso das joias na próxima quarta-feira. Sua defesa e dois aliados alertaram para a possibilidade de receber nos próximos dias, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, uma nova intimação, dessa vez para prestar esclarecimentos sobre o 8 de janeiro.

A pedido da Procuradoria-Geral da República, Moraes incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito 4.921, que apura a "instigação e autoria intelectual dos atos antidemocráticos" que resultaram na invasão e depredação das sedes dos três Poderes, graças ao compartilhamento de um vídeo no Facebook. Na peça reproduzida no perfil de Bolsonaro, o procurador bolsonarista do Mato Grosso do Sul Felipe Gimenez difundia mentiras sobre as eleições de 2022.

A Procuradoria pediu que Bolsonaro fosse interrogado. Em seu despacho, Moraes escreveu: "Diante das notícias de que o ex-presidente não se encontra no território brasileiro, o pedido de realização do interrogatório do representado Jair Messias Bolsonaro será apreciado posteriormente, no momento oportuno."

Na avaliação de advogados e dos aliados, o retorno ao Brasil converteu Bolsonaro numa oportunidade a ser aproveitada por Moraes. Na decisão de janeiro, o ministro anotou que o capitão pode ter contribuído "de maneira muito relevante" para insuflar os atos golpistas que depredaram prédios públicos.

Moraes escreveu: "Efetivamente, a partir de afirmações falsas, reiteradamente repetidas por meio de mídias sociais e assemelhadas, formula-se uma narrativa que, a um só tempo, deslegitima as instituições democráticas e estimula que grupos de apoiadores ataquem pessoalmente pessoas que representam as instituições, pretendendo sua destituição e substituição por outras alinhadas ao grupo político do ex-presidente e, de maneira ainda mais grave, instiga que apoiadores cometam crimes de extrema gravidade contra o Estado Democrático de Direito, como aqueles ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023."