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Governo teme que nova crise atrase aprovação da proposta sobre regra fiscal
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Não é que o Planalto e seus líderes passaram a defender a realização da CPI do Golpe. A questão é que, graças a um erro de avaliação de Lula, o governo foi arrastado para o epicentro de uma investigação parlamentar que seus aliados já não conseguem evitar. Lula convive agora com a síndrome do que está por vir. O presidente e seus operadores receiam que a novidade conturbe a conjuntura a ponto de retardar a aprovação da proposta sobre a nova regra fiscal.
Personagens como a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, migraram rapidamente da posição de zagueiros para a de centro-avantes. Ponta de lança da CPI da Covid, Randolfe desfilava pelo Legislativo como um ex-Randolfe. De repente, recobrou o antigo viço para reivindicar a abertura da CPI que ajudava a barrar. É como se Randolfe reivindicasse a prerrogativa de reconhecer a si mesmo na imagem do espelho.
A nova crise chegou às manchetes um dia depois de o governo ter enviado ao Congresso, com atraso, sua proposta sobre a regra fiscal. O presidente da Câmara, Arthur Lira, havia prometido uma aprovação rápida, até 10 de maio. Agora, avalia-se no Planalto que essa data subiu no telhado. Dá-se de barato que a confusão produzida por uma nova CPMI prejudicará o calendário de votações. O receio é o de que um atraso na apreciação do projeto que trata do modelo de gerenciamento das contas públicas retarde também a votação de projetos que estão na fila. Entre eles a reforma tributária.
Não foi por falta de aviso. Há mais de três meses, quando tentou convencer Lula a destravar a instalação de uma CPI do Golpe no Senado, sob controle de governistas, o aliado Renan Calheiros vaticinou: em matéria de CPI, "quem não faz leva." Hoje, a aversão de Lula à investigação legislativa a aparência de gol contra. Terá que lidar com uma CPI convertida em picadeiro dos rivais. Encurralado por investigações da Polícia Federal, Bolsonaro e o bolsonarismo ganharam de presente um palco para destilar mentiras e rancores no Congresso.
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