Ou Tarcísio se livra de Feder ou perde a aura de 'gestor técnico'
Em oito meses, o secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, apostou várias vezes contra o bom senso. Perdeu todas as apostas. Anunciou que abandonaria os livros impressos do programa nacional de obras didáticas distribuídas pelo Ministério da Educação. Pegou mal. Alegou que a pedagogia das escolas paulistas seria transferida para plataformas digitais. Pegou pior. Alardeou o plano de comprar livros eletrônicos sem licitação. Pegou muito pior.
O governador paulista Tarcísio de Freitas cancelou a compra sem licitação. Num remendo que piorou o soneto, declarou que apostilas digitais seriam oferecidas também em versão impressa e encadernada. A Justiça interveio para ordenar o retorno de São Paulo aos livros didáticos do MEC. O secretário Feder cumpriu a determinação judicial. Mas não se deu por achado. Confundindo a secretaria educacional com uma mesa de pôquer dobrou a aposta.
Junto com as obras do MEC, mandou distribuir aos professores "material didático próprio, alinhado ao currículo do estado". O conteúdo combinou a modernidade digital com a vulgaridade do erro. As peças estavam apinhadas de equívocos banais e constrangedores.
Sobreveio nesta segunda-feira nova decisão judicial, ordenando a suspensão do uso e a revisão do material. A secretaria terá que ajustar o "material próprio" aos "padrões" do MEC. Feder ficou numa posição muito parecida com a de um apostador compulsivo que levanta da mesa de carteado nu e sem dinheiro para o táxi.
Um governante que se cerca de auxiliares competentes é mais competente do que eles. O oposto também é verdadeiro. Desde que o governador Tarcísio de Freitas confiou a Renato Feder os destinos do setor educacional em São Paulo, o estado assiste a uma corrida entre a Educação e a catástrofe.
O desastre abriu larga vantagem. Mas Tarcísio insiste em manter inalterada a cadeia de comando da Secretaria de Educação. Ou o governador se livra do secretário ou Feder livra Tarcísio da fama de "gestor técnico".
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