VAR judicial não elimina dúvidas sobre agressão a Moraes
No inquérito sobre as agressões que Alexandre de Moraes diz ter sofrido no aeroporto de Roma, a Polícia Federal convive com três versões: a do ministro agredido, a dos bolsonaristas agressores e a versão verdadeira. Imaginou-se que as imagens fornecidas por autoridades italianas serviriam como um tira-teima. Entretanto, ao prorrogar as investigações por dois meses. Dias Toffoli, relator do caso no Supremo, sinalizou que as dúvidas sobreviveram à análise do VAR judicial.
Não há som nos vídeos captados em Roma. O relatório enviado pela PF ao Supremo é, basicamente, uma descrição do gestual. Os investigadores mantiveram suas avaliações no gelatinoso universo linguístico do condicional.
A PF anota que Roberto Mantovani "parece afrontar e desafiar o filho do ministro", enquanto sua mulher Andreia Munarão, "aparentemente, continua a gritar, apontando o dedo indicador para ele [o primogênito de Moraes] ou para alguém próximo." Mantovani "parece bater as costas de sua mão direita no rosto" do filho do magistrado. Atingiu os óculos e, "aparentemente", deslocou-os. Mas "não chegam a cair no chão".
Fica entendido que houve um entrevero em Roma. Porém, está claro também que a PF precisa da contribuição de testemunhas. Moraes diz ter sido chamado de "bandido, comunista e comprado." A família Mantovani diz não ter pronunciado tais ofensas. O empresário nega também ter agredido o filho do ministro.
O Var de Roma mantém a palavra do agredido contra a do agressor. A hipótese de condenação continua em pauta. Mas será difícil tipificar o crime —injúria?, calúnia?, lesão corporal?— e fixar o tamanho da pena sem encontrar elementos que ajudem a dimensionar a ofensa.
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