Quem pagou para o Zero Três dar vexame em Buenos Aires?
Nem a derrota foi capaz de restituir à família Bolsonaro o senso de ridículo. Alguma coisa subiu à cabeça de Eduardo Bolsonaro, em Buenos Aires, durante entrevista a um canal de televisão. Autoconvertido em cabo eleitoral de Javier Milei, o candidato de ultradireita à Casa Rosada, defendeu a liberalização do comércio de armas na Argentina.
Ou achou que estava na mesa de almoço da família ou imaginou que discursava para um grupo de CACs, os caçadores, atiradores e colecionadores de armas do Brasil. Por mal dos pecados, falava para uma sociedade crivada de problemas que não se revolvem a bala: superinflação, recessão, déficit fiscal e social.
Não há notícia de político que tenha se dirigido em tom professoral numa terra estrangeira para ensinar a fórmula do desastre. Se a proliferação de armas fosse boa coisa, Bolsonaro estaria no Planalto, não nas páginas de processos criminais, entre eles o que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Os entrevistadores atalharam Eduardo Bolsonaro, apresentando-o ao ridículo. "Quão generosos são os argentinos, para receber este tipo de gente", disse um deles. A outra lembrou que foi por isso que os brasileiros, "com lógica, removeram do poder" o pai do entrevistado.
Resta saber se o deputado passou vergonha em Buenos Aires por conta própria ou às custas do contribuinte brasileiro. Se as despesas forem custeadas pela Câmara o ridículo se converte num escárnio digno de ação por improbidade.
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