Sob pressão de Lira, Lula chama a chefe da Caixa para conversar
Três coisas absolutamente seguras na visão dos oligarcas do centrão: o nascer do sol, a morte e a invasão da Caixa Econômica Federal por Arthur Lira. Com os parafusos da poltrona frouxos, Rita Serrano, a presidente da Caixa, foi chamada para uma conversa com Lula. Vai ao Planalto nesta quarta-feira com a cabeça ainda equilibrada sobre o pescoço. Mas Lira já enviou à Casa Civil da Presidência da República o nome do substituto de Rita: Carlos Antonio Vieira, um curinga multiuso do baralho do PP.
A reunião de Rita com Lula foi precedida de dois fatos que reforçam a lenda brasiliense segundo a qual tudo o que se vê, se sente e se respira conspira. Lira soube que sua impoluta figura estava retratada em exposição patrocinada pela Caixa Cultural, braço do banco estatal dedicado ao mecenato. Não gostou do que viu. Sem dar um pio, cancelou a votação do projeto que tributa investimentos de super-ricos, que estava prevista para esta terça-feira.
No quadro que atiçou os maus bofes do centrão, Lira aparece dentro de um latão de lixo, ao lado do ex-posto Ipiranga Paulo Guedes e da senadora bolsonarista Damares Alves. A exposição tinha duração prevista até dezembro. Foi cancelada. Em nota, a Caixa lamentou o "viés político" do quadro da discórdia. Anunciou a abertura de investigação para "apuração de responsabilidades".
Na definição de Pablo Picasso, "arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade". O quadro com Lira no lixo não chega a ser uma obra prima. Mas serviu para realçar a realidade. No mês passado, Lira disse em entrevista que Lula assumira o compromisso de lhe entregar a Caixa de "porteira fechada", com a presidência e as 12 vice-presidências.
Dias depois, Lula declarou que não queria "mexer com nada" neste momento. Para o centrão, nada é uma palavra que ultrapassa tudo. Se conceder sobrevida a Rita Serrano, Lula encarece o preço do apoio de Arthur Lira e seu séquito.
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