Stephen King e Anthony Burgess vão parar na penitenciária em SC
No início deste mês de novembro, o governo de Santa Catarina, chefiado pelo protobolsonarista Jorginho Mello, recolheu das bibliotecas das escolas do estado nove obras literárias. Informou-se que os livros seriam guardados em locais inacessíveis para os alunos.
No total, recolheram-se 510 livros. Entre os títulos sonegados aos estudantes estão clássicos de terror e crítica social. Por exemplo, "It: A Coisa", de Stephen King; Laranja Mecânica, de Anthony Burgess; e "Exorcismo", de Thomas B Allen.
Notícia veiculada pelo Globo informa que o governo catarinense armazenou parte dos livros em Centros de Educação para Jovens e Adultos. Outra parte foi, por assim dizer, aprisionada em penitenciárias. O inacreditável foi como que convertido no impensável.
Procurada, a Secretaria de Educação do estado disse que a providência não foi determinada pelo governador. Atribuiu-se a extravagância à "iniciativa individual de um Supervisor [Waldemar Ronssem Júnior] e de uma Integradora Regional de Educação da cidade de Florianópolis [Anelise dos Santos de Medeiros]."
O texto anota que a "análise periódica do acervo é uma prática corriqueira para garantir a adequação das obras ao público-alvo, que tem por objetivo oferecer acesso apropriado a essas obras, respeitando as diferentes necessidades e contextos educacionais".
Decisão que conduz autores como Stephen King e Anthony Burgess à penitenciária é algo inqualificável. Muito fácil, portanto, de qualificar. Uma das utilidades da cultura é a possibilidade de dimensionar a ignorância alheia. Em Santa Catarina, os gestores da Educação conspiram para democratizar a incivilidade.
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