Exército apura se os oficiais da carta pró-golpe foram punidos
O general Tomás Paiva, atual comandante do Exército, decidiu passar a limpo um dos pontos mal explicados do roteiro da tentativa de golpe de Estado capitaneada por Bolsonaro. Deseja esclarecer se foram punidos os oficiais da ativa que subscreveram uma carta para pressionar o ex-comandante Freire Gomes a aderir à conspiração golpista.
A informação foi divulgada pelo G1 e confirmada pela coluna. Datado de 28 de novembro de 2022, o documento foi batizado de "Carta ao Comando do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro". A pretexto de pressionar Freire Gomes, os signatários insinuaram que a resistência ao golpe denotava falta de coragem: "Covardia e injustiça são as qualificações mais abominadas por soldados de verdade".
Ao interrogar o general Freire Gomes, a Polícia Federal perguntou se ele tomara conhecimento da carta. O ex-chefe do Exército disse que sim. Foi informado pelo Centro de Comunicação Social do Exército. Admitiu que o documento tinha o propósito de pressioná-lo. Considerou o texto ilícito. Além de defender um movimento antidemocrático, violou a hierarquia militar. Oficiais da ativa são proibidos de fazer manifestações políticas.
A PF quis saber que providências Freire Gomes adotou como comandante do Exército. O general disse ter determinado aos "comandos de área" que identificassem os responsáveis pela elaboração da carta e adotassem as "providências cabíveis". Sustentou que foram identificados "alguns militares". Afirmou que eles foram punidos "na medida de suas participações."
Liberado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes na última sexta-feira, o depoimento de Freire Gomes não fez menção aos nomes dos oficiais supostamente identificados. Tampouco especificou as punições que teriam sido aplicadas. Daí a decisão do general Tomás Paiva de verificar se foram mesmo aplicadas as sanções.
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