Josias de Souza

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Desqualificação de Musk deveria inspirar qualificação do Supremo

Em nova incursão noturna contra Alexandre de Moraes, Elon Musk usou sua rede social para chamá-lo de "ditador brutal". Acusou o ministro do Supremo e presidente do TSE de interferir na sucessão de 2022 em prejuízo de Bolsonaro. Insinuou que é Moraes quem manda no Brasil, pois ele tem Lula "na coleira". Se a desqualificação do proprietário do X serve para alguma coisa é para inspirar uma reflexão da Suprema Corte brasileira sobre a conveniência de se qualificar.

No sábado, dia em que Musk iniciou o tiroteio contra Moraes, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, participava na cidade americana de Boston de encontro promovido por pesquisadores brasileiros de Harvard e do MIT. Alheio às diatribes de Musk, Barroso acertou no olho da mosca quando declarou: "Precisamos voltar a um STF que seja menos proeminente o mais rápido possível".

O ministro distanciou-se do alvo ao conceder sobrevida à suprema proeminência: "Não podemos fingir que essas coisas [a tentativa de golpe, o 8 de janeiro...] não aconteceram". Barroso perdeu a mira ao empurrar a volta à normalidade para um ponto incerto da folhinha: "Infelizmente, ainda precisamos seguir nesses processos por um pouco mais de tempo".

A sequência dos processos é um imperioso jurídico. A impunidade de Bolsonaro e do alto-comando do golpe seria um novo atentado à democracia. Mas a emergência institucional já não se justifica. Augusto Aras foi para casa, os réus do 8 de janeiro continuam sendo condenados, e a PF faz o seu trabalho. Passa da hora de o Supremo abrir o baú dos inquéritos sigilosos de Alexandre de Moraes.

Elon Musk estaria pregando num saara virtual se, a essa altura, já estivesse exposta à luz do sol a relação de todos os bolsonaristas que Moraes desligou da tomada, a fundamentação das exclusões das redes sociais, e um lote de justificativas para manter os perfis fora do alcance dos donos por tanto tempo. Se Alexandre de Moraes já tivesse abdicado de parte de sua proeminência, não haveria um Xandão para Elon Musk chutar.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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