Josias de Souza

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Opinião

A escravidão do Google é crime

O Google, uma das megacorporações eletrônicas de que nos tornamos escravos, levou uma chibatada histórica de um juiz de Washington. Ao julgar ação proposta pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o magistrado Amiti Mehta concluiu que a empresa gastou bilhões de dólares para obter o monopólio do mercado de buscas na internet.

O Google está em todas as máquinas e celulares. Virou site de busca padrão no Safari, da Apple; no Firefox, da Mozilla; e no Chrome, navegador do próprio Google. Esmagando a concorrência, cometeu crime. E alcançou o lucro sem risco. No ano passado, faturou US$ 175 bilhões apenas com a publicidade proporcionada pelas buscas. Isso corresponde a mais da metade dos US$ 307 bilhões de receita total do grupo.

Noutros tempos, as empresas faziam pesquisas de mercado para descobrir os desejos do consumidor. O Google tornou tudo mais simples. Implantou uma sonda dentro da cabeça da clientela. O sujeito entra no site para buscar qualquer informação e recebe grilhões virtuais que escaneiam os seus hábitos, gostos, necessidades, taras, traços físicos e condições financeiras.

Os dados são repassados automaticamente para o mercado. E a pessoa passa a receber, do nada, ofertas de produtos que jamais imaginou que precisava tão desesperadamente.

Após a sentença do juiz americano, um tribunal definirá a pena a ser imposta ao Google. O conglomerado já anunciou que vai recorrer. Receia que, a pretexto de restaurar a concorrência, seja forçado a se desfazer de parte do negócio. O consumidor não se livraria da escravidão, mas teria a opção de frequentar outras senzalas.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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