Em Teresina, cabeçada deu ao debate a aparência de tourada
Candidato à reeleição, o prefeito de Teresina, José Pessoa Leal, médico e professor filiado ao Partido Renovação Democrática (PRD), recorreu a uma cabeçada ao debater com o desafiante Francinaldo Leão, um motorista de aplicativo dos quatros do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Costuma-se dizer que, numa disputa submetida a regras democráticas, devem brigar as ideias, não as pessoas. O caso piauiense pede que o eleitorado raciocine com hipóteses. Das mais amplas às mais específicas.
Na melhor das hipóteses, Doutor Pessoa levou o axioma do confronto das ideias às fronteiras do paroxismo, tentando prevalecer na marra. Na pior das hipóteses, o candidato à reeleição expôs uma dificuldade inaudita de tourear os próprios raciocínios.
Em nenhuma das hipóteses o prefeito cabeçudo parece credenciado a receber do eleitorado de Teresina a renovação do mandato.
O escritor Ernest Hemingway sintetizou como poucos o espetáculo da tourada. Ensinou que o que acontece na arena não é a competição do touro com o toureiro. É uma tragédia reservada àqueles que aceitam o pressuposto de que o touro só está ali para perder.
Levando-se a tese de Hemingway ao pé da letra, a maior contribuição que o eleitor de Teresina pode oferecer a um político que usa a cabeça para agredir o antagonista é sonegar-lhe a reeleição. Debate não é tourada. Uma prefeitura não é lugar para touros.
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