Josias de Souza

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Opinião

Pesquisas inflamam disputa de SP e levam fujões para o debate

A nova rodada da pesquisa Quaest confirmou nesta quarta-feira o empate triplo antecipado na semana passada pelo Datafolha na corrida à Prefeitura de São Paulo. Consolidando-se como fenômeno da temporada, Pablo Marçal (19%) alcançou os líderes Ricardo Nunes (19%) e Guilherme Boulos (22%). Além de incendiar a disputa na principal metrópole do país, as sondagens eleitorais empurram os fujões para o próximo debate, marcado para domingo, na TV Gazeta.

A pretexto de não dar palco para Marçal, que fez opção preferencial pela baixaria, desqualificação e desrespeito às normas, Boulos, Nunes e José Luiz Datena optaram por fugir do debate anterior. Nesta quarta-feira, informaram que comparecerão ao novo confronto, incorporando-se a Marçal e Tabata Amaral, que já haviam confirmado a presença. Alegam que mudaram de ideia em função de ajustes promovidos nas regras do debate.

As regras, de fato, foram modificadas. Ataques rasteiros e xingamentos não serão admitidos. No limite, um comitê composto por organizadores do debate e consultores jurídicos poderá expulsar do evento quem desrespeitar flagrantemente as normas. Eliminaram-se as claques. Afora os assessores dos candidatos, não haverá plateia. Os contendores ficarão restritos aos respectivos púlpitos. As alterações como que eliminaram os pretextos para a fuga.

As pesquisas completaram, por assim dizer, o serviço. A dinâmica da disputa tornou incontornável o embate franco. A questão não é mais oferecer palco ao vale-tudo de Marçal. Trata-se de reconhecer que o personagem já ocupou um lugar de destaque na cena eleitoral paulistana. Está entendido que a desqualificação, impulsionada pelas redes sociais, rendeu intenções de voto. A terceirização do embate a Tabata Amaral, única candidata que se dispôs a confrontar Marçal nas searas política e jurídica, deixou de fazer sentido.

As premissas anteriores, que contemplavam um virtual segundo turno entre Boulos e Nunes, perderam o prazo de validade. Mantido o viés de alta de Marçal, a reeleição de Nunes pode naufragar no primeiro round. Num hipotético segundo turno entre Boulos e Marçal, informa a pesquisa da Quaest, haveria um empate. Hoje, ambos amealhariam 38% dos votos. Significa dizer que a disputa pela prefeitura de São Paulo virou uma janela aberta para o insondável. A fuga não faz com que a realidade desapareça. A conjuntura pede mangas arregaçadas.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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