Ao substituir Silvio Almeida por Macaé, Lula trocou de problema
Lula lidou com a crise que explodiu na pasta dos Direitos Humanos em duas velocidades, ambas inadequadas. Em consequência, não trocou apenas de ministro ao acomodar a deputada estadual mineira Macaé Evaristo no lugar de Silvio Almeida. O presidente trocou também de problema.
Lula conviveu por semanas com a revelação de que Silvio Almeida cometera importunação sexual contra a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). Politicamente lento, o presidente só agiu quando transbordaram para o noticiário os relatos de bastidor feitos por Anielle à primeira-dama Janja e a colegas de Esplanada.
Três dias depois da demissão, Lula colocou na poltrona dos Direitos Humanos a petista Macaé Evaristo. Eticamente ligeiro, deu de ombros para a tradicional verificação dos antecedentes da escolhida. Ex-secretária de Educação do estado de Minas Gerais e da prefeitura de Belo Horizonte, Macaé foi rapidamente pendurada de ponta-cabeça nas manchetes.
Notícia do UOL revela que auditoria do MEC responsabiliza a nova ministra por um rombo de R$ 177,3 milhões no orçamento da merenda escolar. A encrenca é de 2016. Mas a investigação foi finalizada pelo MEC, avalizada pela CGU e enviada para o TCU no ano passado, já durante o terceiro mandato de Lula.
Macaé estrelou outras duas notícias tóxicas desde que chegou a Brasília. Numa, revelou-se que é ré num caso de superfaturamento de uniformes para estudantes. Noutra, pagou multa de R$ 10,4 mil para se livrar de 13 ações de improbidade administrativa por superfaturamento de carteiras escolares. Uma vez poderia ser descuido. Duas vezes talvez passasse por coincidência. Três vezes é um flerte com os códigos Civil e Penal.
Deixe seu comentário