Mentira transfere candidatura de Marçal da ambulância para a UTI
No melhor estilo Tim Maia, Pablo Marçal não fuma, não bebe e não cheira. Só mente um pouco. Ou muito. No caso da encenação pós-cadeirada, a mentira já havia sido desmascarada por um comunicado do hospital Sírio Libanês e pelo laudo do exame de corpo de delito feito no Instituto Médico Legal.
O que espanta é a desfaçatez com que Marçal admite, num vídeo, que armou a cena da ambulância —aquela em que foi exibido nas redes sociais, em pose agonizante, com uma máscara de oxigênio a adornar-lhe a face. A admissão injeta escárnio num episódio que já era constrangedoramente abjeto.
"Eu precisava daquela ambulância", declarou Marçal, empoleirado em cima de um móvel, no vídeo revelado pela colunista Raquel Landim, do UOL. Referido-se aos seus operadores de fake news, o mentiroso soou didático: "Eles queriam fazer uma cena, esse povo aí. Dava para ir correndo para o hospital, tranquilo. Dava, não era insuportável."
Como se fosse pouco, Marçal insinua no vídeo que é inesgotável a sua capacidade de mentir, especialmente para si mesmo. Exibiu-se no debate do SBT, nesta sexta-feira, como uma espécie de ex-Marçal, cordato e propositivo. No vídeo revelador, iluminou a nova pantomima.
"Esse não é um período de propostas", lecionou o Marçal. "Aprenda a jogar. Esse período é de mostrar quem as pessoas são. Eu já mostrei a minha pior versão. Agora vou mostrar a boa."
Está entendido que o cinismo é o mais próximo que Marçal consegue chegar da verdade. Numa campanha eleitoral, o pior que um eleitor pode fazer quando confrontado com a verdade é conhecê-la e virar-lhe as costas.
Num cenário em que quase metade do eleitorado rejeita o grotesco, a mentira sobre a cadeirada tem potencial para transferir a candidatura de Marçal da ambulância para a UTI.
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