Josias de Souza

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Opinião

Nunes perde, mas derrota Boulos no debate da Band

Com 22 pontos de desvantagem e 58% de rejeição no penúltimo Datafolha, Guilherme Boulos precisava de um resultado épico no confronto da Band. Uma lavada que tivesse parentesco com o 7 a 1 que a Alemanha enfiou no Brasil. Obteve um placar magro. No máximo, 1 a 0. Ricardo Nunes perdeu o debate para o apagão. Mas derrotou Boulos ao evitar uma goleada com jeito de virada a menos de duas semanas da eleição.

Jogando na retranca, Nunes soou pouco convincente ao colocar o apagão no colo de Lula. Nem todos conseguem digerir o contrato que, segundo o prefeito, atribui na cláusula 10 poderes ao presidente da República para intervir na Enel em caso de inépcia extrema. Mas qualquer criança de cinco anos vê a culpa da prefeitura na árvore que cai em cima da fiação elétrica. Boulos ironizou: "O Lula tem que vir podar árvore em São Paulo?".

No futebol, muita gente gosta de ver de novo as cenas lamentáveis, para lamentar várias vezes. Mas Boulos pode ter exagerado nos replays. Trouxe para o segundo tempo esqueletos já bem sacudidos na primeira fase da campanha. Coisas como a máfia das creches, as obras superfaturadas, o ex-cunhado do chefe do PCC pendurado no organograma da prefeitura. Nunes disse que as pesquisas levam o rival a operar no "modo desespero". Se o discurso colar, a rejeição de Boulos pode subir.

Guiado pelos drones da marquetagem, Nunes pespegou no rival os rótulos do extremismo e da inexperiência. "Não sabe bem o que é trabalhar", disse. Boulos grudou no prefeito as pechas de fraco e corrupto. Desafiou Nunes para uma abertura recíproca das contas bancárias. Foi ignorado nesta e em outras provocações. Como na que cobrou de Nunes a reiteração da defesa do trabalho de Bolsonaro na pandemia.

No primeiro turno, o prefeito colou sia imagem em Bolsonaro para deter Pablo Marçal. Agora, descola-se do capitão para fugir de sua alta rejeição. Nunes fez o seu melhor debate justamente no instante em que o adversário mais contava com a repetição dos vexames do primeiro turno. Resta agora saber se os gols que o apagão ainda fará contra o prefeito até 27 de outubro serão suficientes para produzir a mudança preconizada por Boulos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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