Com Nunes bem treinado, Boulos parece agressivo e pode ter piorado rejeição
A situação não estava fácil para Ricardo Nunes (MDB) no início do debate da TV Bandeirantes.
O prefeito é o líder das pesquisas, tem que defender a sua gestão e a cidade ainda está em meio a um apagão, que deixa milhares de pessoas sem luz desde sexta-feira.
Portanto, sua única vantagem em comparecer ao confronto era evitar a pecha de "fujão".
Guilherme Boulos (PSOL) é desenvolto, hábil com as palavras, explorava bem o palco, olhava para a câmera, conversava direto com o telespectador e fez perguntas muito objetivas sobre a situação de vida do paulistano.
Nunes, no entanto, estava mais bem preparado do que esperado. Animado com as pesquisas, mostrou mais fibra e mais ironia do que em outros debates.
Em determinado momento, quando o candidato do PSOL aproximou-se fisicamente do prefeito, ele bateu no ombro de Boulos e afirmou:
"Você não vai me intimidar. Eu vim da periferia do parque Santo Antônio, não tenho medo de nada, só de Deus", afirmou.
Em debates, a linguagem corporal conta muito. E o feitiço pode ter virado contra o feiticeiro.
Boulos pareceu agressivo e, provavelmente, pode ter aumentado sua rejeição, que já está em 58%, conforme o Datafolha.
No conteúdo, o debate seguiu o script.
O apagão dominou todo o início do confronto e esse era o principal calcanhar de Aquiles do prefeito. É difícil explicar para a população a questão das competências dos diversos poderes em concessões públicas.
Enquanto Boulos insistia que Nunes estava tentando culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo apagão, o prefeito tentava explicar que a concessão da Enel é federal. Difícil saber se as pessoas entenderam.
Boulos citou as suspeitas da máfia das creches e dos contratos superfaturados e pediu que Nunes abrisse o sigilo bancário. Nunes desconversou.
Nunes insistia que Boulos não tem experiência administrativa e é desinformado, Boulos que o adversário não tem firmeza para ser prefeito de São Paulo.
Nada que mude o cenário, que hoje é desfavorável para o candidato do PSOL. Falta pouco tempo para uma virada.
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