Tiozão Bolsonaro deixa rastro de constrangimentos em São Paulo
Bolsonaro tornou-se para Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas um tiozão excêntrico que é convidado para o churrasco porque, afinal, é parte da coligação. Sem saber muito bem como tratá-lo, esforçaram-se para não estimular suas esquisitices. Mas o capitão trouxe para São Paulo uma mochila pesada. A cinco dias do encerramento da campanha, deixou na cidade um rastro pegajoso de constrangimentos.
Inelegível, Bolsonaro disse aos repórteres que a melhor opção da direita para 2026 é ele mesmo, "o messias". E Tarcísio: "O candidato a presidente é Bolsonaro". Estrela do inquérito sobre a trama golpista, o visitante insinuou novamente que houve fraude nas urnas de 2022. Instado a se manifestar, Nunes enfiou a cabeça na ambiguidade: "Tudo pode ser analisado. Mas eu não acompanhei esses casos com relação à votação".
A tolerância confere a Bolsonaro uma pretensa respeitabilidade democrática que é desautorizada pelas provas que a Polícia Federal colecionou no inquérito sobre o golpe. Os aliados agem como se não existisse mais o perigo de Bolsonaro constranger a democracia. Acalentam em segredo o desejo de que o grotesco chegue a 2026 como uma curiosidade anacrônica e, no limite, presa.
O diabo é que o tiozão não cogita esperar pela sentença estirado numa poltrona, empanturrado de churrasco, com os netos esparramados no colo. Acha que tem parte com Deus. Num culto evangélico, ainda com Tarcísio e Nunes a tiracolo, disse orar todos os dias para que os brasileiros "não sintam as dores do comunismo". Rala por uma anistia. Quem não evoluir para a reprovação deixará de ser condescendente para virar cúmplice.
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