Trump é fabuloso aviso para Lula
Donald Trump não é bom exemplo para ninguém. Mas virou um aviso fabuloso para Lula. Chega às vésperas da eleição presidencial americana empatado com a rival Kamala Harris, com chances reais de vitória. Ainda que seja derrotado, Trump já consolidou a percepção de que um governo apenas mediano, como o de Joe Biden, não basta para afastar o risco da volta do grotesco ao Poder.
Há quatro anos, seria uma temeridade prever o retorno de Trump à Casa Branca. Ele se negou a reconhecer a derrota para Biden em 2020. Incitou o ataque ao Congresso dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021. Colecionou processos judiciais. Amargou condenações. A despeito de tudo, metade dos americanos enxergam em Trump um político de imagem inoxidável.
A taxa de aprovação do governo Biden roda na casa dos 40%. Apenas a margem de erro separa esse índice dos 36% de ótimo ou bom atribuídos a Lula pelo Datafolha. A diferença é que, no Brasil, o grotesco está inelegível. E enfrenta um cerco judicial que deve consolidar seu banimento das urnas.
De resto, Lula ainda dispõe de dois anos de mandato. Em tese, é tempo suficiente para produzir resultados capazes de desestimular o encantamento de parte do eleitorado com eventuais opções de viés bolsonarista. O primeiro passo seria reconhecer que Lula errou ao passar toda a primeira metade do seu governo estimulando a polarização. Terminou engolfado pela onda conservadora que varreu a disputa municipal.
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