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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Júri de presos ligados ao PCC será em salão paroquial de igreja em SP

Igreja Matriz São João Batista, em Mirandópolis (SP), onde ocorrerá o júri - Reprodução/Facebook/São João Batista
Igreja Matriz São João Batista, em Mirandópolis (SP), onde ocorrerá o júri Imagem: Reprodução/Facebook/São João Batista

Colunista do UOL

18/02/2021 04h00

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O júri de três homens acusados de matar um preso rival na Penitenciária 1 de Lavínia (SP) será realizado no salão paroquial da Igreja Matriz São João Batista, em Mirandópolis (SP), no próximo dia 25. Dois deles dizem ser integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e um afirma ser ex-membro da facção.

Os réus Marcos Douglas Lino de Araújo, 30, Felipe Furlani, 31, e Edgard José de Souza Filho, 33, são acusados de matar por enforcamento o preso Marcos Caliese Pinheiro, 46. O crime aconteceu no dia 26 de março de 2018 no banheiro do pátio do pavilhão 2 do presídio.

O lugar do julgamento foi designado pela juíza Thaís da Silva Porto, da 1ª Vara da Comarca de Mirandópolis. Segundo a magistrada, em razão da pandemia de covid-19, os trabalhos do plenário do júri deverão ser deslocados e realizados, excepcionalmente, na sede da paróquia local.

O júri, a princípio, foi marcado para 29 de outubro de 2020. A juíza enviou ofício à PM pedindo reforço policial para garantir a ordem dos trabalhos. E alertou sobre a necessidade de cumprir todos os protocolos sanitários e medidas de distanciamento para evitar a disseminação do coronavírus.

A magistrada havia determinado que a oitiva e participação dos réus no julgamento fossem feitas à distância na modalidade remota/virtual. Porém, os advogados não concordaram e solicitaram a realização na modalidade presencial. Thaís Porto então remarcou o júri para o próximo dia 25.

Em nota, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo informou ao UOL que o julgamento está previsto para o dia 25 no salão da Igreja Matriz, uma vez que não há salão do júri no Fórum de Mirandópolis.

A nota diz ainda que nesses casos é sempre requisitado reforço policial para o local, além de outras medidas de segurança.

Ouvidos em procedimento apuratório na penitenciária, os presos Felipe e Edgard admitiram pertencer ao PCC. O detento Marcos Douglas disse ser ex-integrante da facção criminosa.

Na época do crime, os três confessaram o crime, alegaram que tinham problemas pessoais com o rival, mas não queriam matá-lo. Os acusados confirmaram essa versão em depoimento à Polícia Civil de Lavínia, mas depois mudaram a versão.

A defesa de Felipe alega que não há qualquer indício de autoria e materialidade nos autos processuais que remetem à participação do acusado no crime.

Advogados de Marcos Douglas e Edgard sustentam que no dia dos fatos ambos estavam disputando um campeonato de futebol no presídio, não participaram do homicídio e souberam do assassinato posteriormente.

Já para a acusação, os três réus agiram com intuito homicida e por motivo fútil, utilizando-se de recurso que impediu a defesa da vítima, matando-a mediante golpes e asfixia.

Marcos Caliese estava caído no banheiro com uma corda amarrada no pescoço e pendurada a um gancho na parede quando foi encontrado por agentes penitenciários. O rosto dele apresentava ferimentos.

Nos autos do processo consta que a acusação pretende exibir no plenário do júri, no salão paroquial, o documentário "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido pelo UOL, que conta a história da maior facção criminosa do Brasil.