Josmar Jozino

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Reportagem

SP: Justiça absolve Marcola e familiares da acusação de lavagem de dinheiro

A Justiça de São Paulo absolveu Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), da acusação de lavagem de dinheiro. Também foram absolvidos outros cinco réus, incluindo sua mulher e seus sogros.

Marcola está preso na Penitenciária Federal de Brasília e tem condenação total de 300 anos pelos crimes de roubos, homicídio, formação de quadrilha, organização criminosa e associação ao tráfico de drogas. Se fosse considerado culpado, a pena dele poderia aumentar mais 13 anos.

O processo tramitou na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da Capital. O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo havia pedido o sequestro de um imóvel de alto padrão da família dele, na Grande São Paulo, e a quantia de R$ 479 mil.

O réu e sua mulher, Cynthia Giglioli Herbas Camacho, foram acusados de dissimular a origem de R$ 479.756,37, movimentados em 243 depósitos em espécie, no período de janeiro de 2016 a agosto de 2017, na conta corrente de um salão de beleza cujo faturamento mensal era de R$ 16 mil.

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, em 12 de junho de 2018, os sogros de Marcola compraram uma casa de luxo no condomínio Alphaville Granja Viana, por R$ 1,1 milhão.

As investigações do Gaeco apontaram que três anos antes, em 2015, o mesmo imóvel, onde havia uma edificação não concluída, era avaliado em R$ 3 milhões —agora ultrapassa R$ 5 milhões. Para o Gaeco, a casa foi comprada por preço bem abaixo do valor e houve lavagem de dinheiro.

Outros dois réus no mesmo processo foram acusados pelo MP-SP e pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de vender o imóvel para os parentes do presidiário. O MP-SP havia pedido condenação de todos e deve recorrer da decisão judicial.

A absolvição foi anunciada ontem (24) pelo juiz Leonardo Valente Barreiros. Segundo o magistrado, a acusação contra o casal em relação ao salão de beleza "não prospera porque não ficou comprovado que os valores em espécie depositados na conta de Cynthia eram oriundos de atividades ilícitas praticadas por Marcola".

O juiz também entendeu que "a conduta de ocultar bens também não pode ser aplicada porque os acusados registraram em seus próprios nomes contratos de compra e venda do imóvel onde residem Cynthia, os pais e a irmã dela".

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A Justiça já tinha arquivado o inquérito policial em relação ao suposto crime de associação criminosa atribuído a Marcola e aos demais acusados. E também determinou o arquivamento do sequestro de um Audi ano 2018 e de uma caminhonete Toyota Hilux de propriedade de familiares do preso.

As apurações contra Marcola e sua família tiveram início em 2019, após uma denúncia recebida pela Assistência Policial do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão aos Narcóticos) e, posteriormente, encaminhada ao Deic.

Outro lado

Bruno Ferullo, advogado de Marcola, informou por meio de nota que a decisão do magistrado foi acertada, uma vez que "a acusação não trouxe o mínimo de elemento para estabelecer liame ou nexo causal entre o crime antecedente e a suposta lavagem de dinheiro".

Para o defensor, "não houve qualquer conclusão no sentido de que os investigados desenvolviam com habitualidade a prática ilícita, muito menos que entre eles havia vínculo perene e estável direcionado a lavagem de capitais, de modo que seria impossível afirmar que houve prática delitiva".

Ferullo argumentou ainda que, "para possibilitar a prolação de sentença favorável, a defesa de Marco aduziu ainda que ao longo da instrução não foi produzida nenhuma prova que pudesse respaldar a acusação do Ministério Público".

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O defensor acrescentou que, "dentre os eventos narrados pelo órgão acusatório, constam somente informações genéricas, abstratas e superficiais que tentam corroborar, sem lograr êxito, e estabelecer uma ligação entre Marco e seus familiares, numa absurda acusação de lavagem de dinheiro".

Por fim, a nota cita que "a decisão do magistrado reconheceu que não houve efetiva demonstração nos autos de que os valores pagos pelo imóvel foram oriundos de qualquer prática criminosa cometida pelo acusado Marco Willians Herbas Camacho".

A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Cynthia Giglioli Herbas Camacho, dos pais dela e dos demais réus. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamentos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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