Justiça de Portugal condena três brasileiros do PCC por tráfico de drogas

A Justiça de Portugal condenou ontem (17) três brasileiros integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) por tráfico internacional de drogas e associação criminosa —as penas variam de oito a 13 anos de prisão. Um português e outros dois sérvios da máfia dos Balcãs, todos da mesma quadrilha, também foram condenados.
Flávio Alves Oliveira, 44, recebeu a pena de 8 anos e 6 meses. No Brasil, ele tem extensa ficha criminal e fora condenado a 104 anos por latrocínio (roubo seguido de morte) e por ter sido flagrado com 300 kg de cocaína em Santos. Mas deixou a prisão em São Paulo pela porta da frente.
Solto pela Justiça brasileira em fevereiro de 2021, viajou a Portugal em outubro do ano seguinte para ajudar outros comparsas narcotraficantes do Brasil e da Sérvia a montar em Portugal a principal base do PCC na Europa, como informou esta coluna em novembro de 2022.
Os brasileiros Wanderson Machado de Oliveira, 36, o Pen Drive, e Marcos Miranda foram condenados, respectivamente, a 13 anos e 12 anos. A coluna tenta contato com a defesa dos brasileiros presos e o texto será atualizado.
O Tribunal de Lisboa condenou o português Francisco Martins a 12 anos e os sérvios Uros Piperski e Aleksander Stojkovic a 8 anos e 6 meses.
Logística para receber cocaína
Em Portugal, Flávio se juntou a Pen Drive, também faccionado do PCC e investigado em Santos (SP) por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Ambos se uniram aos sérvios e montaram a logística para receber toneladas de cocaína procedentes do Brasil em portos portugueses, segundo a polícia local.
O último carregamento chegou ao Porto de Sines em 11 de outubro de 2022. Eram 240 kg avaliados em 9,6 milhões de euros. Marcos Miranda e o português Francisco Martins foram encarregados de buscar a droga, escondida em uma carga de café, ainda conforme as investigações.
Marcos deixou a cocaína em um veículo estacionado em um parque em Montijo. O português Francisco ficou de apanhar a droga, mas não encontrou. Os dois não sabiam que os 240 kg haviam sido apreendidos pelas autoridades tributária e aduaneira de Portugal.
Sala de tortura
O PCC e a máfia dos balcãs pensaram que Marcos e Francisco tinham desviado a droga do grupo. Ambos foram sequestrados por Pen Drive e Flávio e levados para um cativeiro, onde acabaram espancados e torturados com choques elétricos em uma sala pelos sérvios.
A Polícia Judiciária de Portugal seguiu os passos de Marcos e Francisco desde a apreensão da droga e conseguiu libertá-los. Os dois não foram presos na ocasião, mas os agentes seguiram monitorando a dupla. Ambos acabaram detidos em 11 de novembro de 2022.
Já os sérvios e os outros dois brasileiros foram presos em 16 de outubro de 2022. Flávio havia chegado a Lisboa um dia antes para ajudar o comparsa Pen Drive a fortalecer a base do PCC em terras lusitanas. Ele tinha tirado o passaporte no mês anterior.
Pen Drive viajou a Portugal em ao menos três oportunidades. A primeira foi em 17 de junho de 2021, a segunda em 30 de janeiro e a última em 13 de março de 2022. Ele deveria retornar ao Brasil em 13 de maio daquele ano.
Em 4 de setembro de 2017, Pen Drive foi preso pela Polícia Federal no Brasil, juntamente com narcotraficantes sérvios, durante a deflagração da "Operação Brabo". Segundo a PF, o brasileiro usava a logística do PCC para enviar drogas à Europa. Ele foi liberado em março de 2019, quando foi absolvido.
Os agentes o acusaram de exportar 199 kg de cocaína à Espanha em 13 de março de 2017. Dois meses depois, ele tentou enviar mais 332 kg, mas a droga foi apreendida. Em 18 de março de 2019, a 9ª Vara Federal de Santos condenou 26 réus envolvidos na "Operação brabo" Pen Drive foi absolvido.
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