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Justiça Militar condena PMs por envolvimento com ladrões de relógios Rolex
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Após seis horas de julgamento, o juiz Ronaldo Roth, da 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar, condenou o soldado Gessé Benedito dos Santos a 22 anos de prisão e o cabo Gustavo de Almeida Leite a dez anos e oito meses por envolvimento com uma quadrilha de ladrões de relógios Rolex que agia no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, e também nos estados do Paraná e Rio de Janeiro.
A sentença foi anunciada na noite de terça-feira (20). A reportagem do UOL não conseguiu contato com os advogados dos policiais militares. Gessé e Gustavo responderam ao processo livres e, por isso, podem recorrer da decisão também em liberdade.
Segundo o promotor de Justiça Rafael Pinheiro, da 1ª Auditoria Militar, as investigações começaram em fevereiro de 2018, quando o soldado Gessé apreendeu um telefone celular com um adolescente infrator. O menor foi levado para o 14º DP (Pinheiros).
Em vez de apresentar o telefone celular na delegacia, o policial militar se apoderou do aparelho. As investigações apontaram que o soldado chegou a telefonar para um comparsa do infrator. O parceiro do menor foi identificado como Romélio Justino da Silva Júnior, conhecido como Merinho.
A Polícia Civil do Paraná investigava Merinho e, com autorização judicial, interceptou as ligações telefônicas dele. Foi assim que os policiais paranaenses chegaram ao soldado Gessé e ao cabo Gustavo. Ambos trabalhavam no pelotão da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motos) do 23ª Batalhão (Vila Madalena).
Ainda segundo as investigações, em uma das ligações, em fevereiro de 2018, Gessé exigiu um relógio Rolex ou R$ 15 mil por semana para deixar a quadrilha "atuar com tranquilidade" na região do Itaim Bibi. O soldado ainda avisa a Merinho que, no total, oito PMs dariam proteção aos assaltantes. Porém, só Gessé e Gustavo foram identificados.
Em outra ligação, no mesmo mês, o cabo Gustavo também conversa com Merinho. O criminoso tenta reduzir o valor da propina para R$ 8.000. Ao final, os criminosos chegam a um consenso e fecham o acordo em R$ 15 mil por semana.
Nos telefonemas interceptados, os policiais militares orientam a quadrilha a como proceder para ninguém ser preso. Também foram gravadas as conversas entre os PMs e os ladrões combinando a entrega de dinheiro. Em outra ligação, Merinho avisa: "Roubamos um relógio do bom".
O promotor Rafael Pinheiro afirmou que os laudos periciais de exames de áudio constataram que as vozes eram mesmo do soldado Gessé e do cabo Gustavo.
Os alvos do bando eram motoristas em carros luxuosos. Uma das vítimas teve quatro Rolex roubados no Rio de Janeiro. Outro empresário também teve quatro relógios levados no Paraná.
Ao menos nove entre 11 assaltantes foram presos em 2018. Policiais civis recuperaram 30 relógios. Sete deles custavam aproximadamente R$ 50 mil cada um. O bando é suspeito de ter roubado cem Rolex.
Ao ser interrogado em audiência judicial, o cabo Gustavo afirmou que tinha ingressado na Polícia Militar havia 17 anos e que jamais fora processado criminalmente. O soldado Gessé declarou que estava na PM havia dez anos e que sempre esteve motivado a prender ladrão.
O promotor Rafael Pinheiro pediu a condenação dos réus pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, peculato (subtração de dinheiro público ou de bens para proveito próprio) e concussão (quando o servidor público exige para si ou outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida). Gessé recebeu a pena maior porque cometeu todos esses crimes citados.
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