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Condenado a 705 anos, sequestrador Andinho sorri sem parar em audiência
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A condenação de 705 anos pelos crimes de sequestros, homicídios, roubos, tráfico de drogas, formação de quadrilha e associação à organização criminosa parece não incomodar Wanderson Nilton de Paula Lima, 42, o Andinho, preso na Penitenciária Federal de Brasília.
O prisioneiro aparenta estar alegre e aparece sorrindo e descontraído em videoconferências durante audiências judiciais de um processo pelo qual é acusado, com outros réus, de mandar matar agentes penitenciários, policiais e autoridades inimigas do PCC (Primeiro Comando da Capital).
A coluna teve acesso aos vídeos. Com os cabelos raspados, usando óculos e vestindo camiseta azul do presídio com a inscrição interno, Andinho ri tranquilamente quando o juiz Gabriel Medeiros, da 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau (SP), começa a ouvir o preso Marcos Silva, uma das testemunhas de defesa dos réus. Ele acompanha o depoimento de uma sala do presídio federal de Porto Velho. Depois foi transferido para a unidade de Brasília.
O magistrado pergunta para Marcos por quais crimes ele é condenado. O preso responde que é por homicídio, assalto e sequestro. Nesse momento, Andinho não se contém e começa a sorrir, sentado ao lado de uma advogada.
O preso interrogado usava blusa com listras nas cores preto e branco e estava em uma sala na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Era lá que Andinho cumpria pena juntamente com Hamilton Luiz Pereira, 39, o Hidropônico, e Fábio de Oliveira Souza, 45, o Fabinho Boy.
Em junho de 2016, os três foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público do Estado de São Paulo sob a acusação de escrever bilhetes para os comparsas em liberdade com ordens para levantar endereços dos agentes públicos e assassiná-los. Por conta disso, os réus foram removidos para presídios federais.
Durante o interrogatório de Marcos, Andinho sorriu mais ainda quando o juiz Gabriel Medeiros perguntou ao preso se ele integrava o PCC. A resposta foi um sonoro não. O magistrado indagou ao prisioneiro se ele concordaria, então, em ser transferido para uma penitenciária de facção rival.
Antes de ouvir outra resposta negativa do interrogado, Andinho praticamente deu uma gargalhada. E até precisou abaixar a cabeça. Atrás do sequestrador, um agente penitenciário federal observava tudo atentamente.
Andinho nega acusações
Na tarde de ontem foi a vez de Andinho prestar depoimento. Ele também foi interrogado pelo juiz Gabriel Medeiros. Promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) participaram da videoconferência.
O advogado Pedro Renato Lúcio Marcelino, defensor de Andinho, também acompanhou a audiência virtual. O sequestrador negou ter mandado matar agentes públicos. Afirmou que não escreveu nenhum bilhete com essas ordens e acrescentou não ser integrante do PCC.
O interrogado disse ao magistrado que foi por causa dessas acusações que ele foi transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau para presídio federal. Ele ressaltou que não mandou matar ninguém e que o exame grafotécnico realizado para analisar se as letras dos bilhetes eram dele teve resultado negativo e que isso prova a sua inocência.
Ao ser ouvido em um presídio federal, em data anterior, Fábio afirmou ser inocente. Ele também disse que foi submetido a exame grafotécnico e que o resultado foi negativo.
Fábio declarou ainda que as blitzes em sua cela eram constantes e que nenhum material ilícito foi encontrado em seu poder. E argumentou que a direção da P-2 de Venceslau jamais o considerou um preso problemático.
Em 6 de julho do ano passado, o juiz Gabriel Medeiros condenou o réu Hamilton a 12 anos de prisão. O magistrado mencionou na sentença que "o acusado é integrante de sofisticada organização criminosa que há anos causa pânico em nosso país, com início de suas atividades em algumas penitenciárias do estado e posterior avanço para as demais".
Advogados de Hamilton recorreram da decisão. Os defensores alegam que não há nos autos provas materiais nem testemunhais contra o acusado. O processo contra Andinho e Fábio está em fase final. A sentença deve ser anunciada ainda neste ano.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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