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Após ataques de maio de 2006, PCC se estruturou como organização mafiosa
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Há 16 anos o PCC (Primeiro Comando da Capital) espalhava o terror no estado de São Paulo, matando 59 agentes de segurança nas ruas e se rebelando em 74 presídios paulistas. Os ataques ocorreram entre os dias 12 e 20 de maio de 2006. Hoje, a facção já tem status de máfia e arrecada R$ 1,2 bilhão por ano só com o narcotráfico.
Os atentados paralisaram São Paulo e aconteceram em represália ao isolamento de 765 presos da facção criminosa na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na calada da noite e na véspera do Dia das Mães, data considerada como a mais sagrada pela população carcerária.
Foram mortos 24 policiais militares, oito policiais civis, oito policiais penais, três guardas municipais e outros 16 agentes. O PCC decretou toque de recolher em diversas regiões. O comércio foi fechado, o transporte público paralisado e escolas suspenderam as aulas.
No mesmo período, 505 civis foram assassinados a tiros no Estado e até hoje ninguém foi responsabilizado criminalmente por essas mortes. A maioria delas foi atribuída a policiais militares em serviço e a grupos de extermínio.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) foi justamente a partir dessas matanças, conhecidas como os "Crimes de Maio de 2006", que o PCC começou a se estruturar como verdadeira organização empresarial e mafiosa.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, apurou que o PCC passou a manter desde aquela época escalões de hierarquia com funções bem definidas e disciplina muito rígida.
As investigações apontaram que a facção criminosa contava com um departamento jurídico, chamado de "sintonia dos gravatas", corrompia autoridades, se infiltrava em setores públicos e já utilizava empresas de fachada para lavar o dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas.
Em 2012, seis anos após os ataques que aterrorizaram São Paulo, promotores de Justiça do Gaeco calculavam em 1.800 o número de integrantes do PCC nas ruas, além de outros 2.398 faccionados nas prisões paulistas e de outros estados brasileiros.
Além da expansão nacional, o PCC tinha, também em 2012, associados em outros países da América do Sul, principalmente no Paraguai, Bolívia e Colômbia, regiões produtoras de maconha e cocaína. Eram 11 filiados nas prisões e 19 nas ruas paraguaias e outros 13 soltos em território boliviano.
Status de máfia
A partir de 2014, o PCC definiu como atividade principal a exportação de cocaína para a Europa, via portos brasileiros, especialmente os de Santos, na Baixada Santista, e Paranaguá, no Paraná. As drogas eram escondidas em contêineres nos navios, em meio às cargas lícitas.
O Gaeco estimou em torno de R$ 240 milhões a R$ 300 milhões o faturamento anual do PCC, em 2014, apenas com o tráfico internacional de drogas. O lucro era comparado ao de empresa multinacional. A facção exportava no mínimo uma tonelada por mês de cocaína para o Velho Continente.
Planilhas apreendidas pelo Gaeco com integrantes do PCC mostram que quatro anos depois a arrecadação da organização criminosa com o narcotráfico quadruplicou. No período de janeiro de 2018 a julho de 2019, a facção movimentou R$ 1,2 bilhão com as remessas de cocaína para países europeus.
Ainda segundo o Gaeco, o PCC contratou até doleiros para cuidar da lavagem de dinheiro. E também montou casas-cofre para esconder a grana e adquiriu veículos blindados, com compartimentos secretos, para transportar milhares de dólares e de reais em segurança.
Na avaliação do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco de Presidente Prudente, o PCC já atingiu o status de máfia. "O que faltava era a lavagem de dinheiro também no exterior. Mas isso já está acontecendo e há vários processos tramitando na Justiça de São Paulo e em diversas Varas Federais", explicou.
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