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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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MP-SP denuncia e pede prisão de empresário por morte de Cara Preta, do PCC

Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, era apontado como um dos maiores fornecedores de drogas e armas para o PCC - Reprodução
Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, era apontado como um dos maiores fornecedores de drogas e armas para o PCC Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

27/01/2023 17h20Atualizada em 27/01/2023 17h32

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O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 36, e o agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, pelos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

A denúncia foi apresentada ontem pelo promotor de Justiça Fábio Tosta Horner ao 1º Tribunal do Júri da Capital. Ele também pediu a prisão preventiva de Vinícius e David por entender que ambos podem destruir provas, coagir testemunhas e até mesmo fugir. A defesa de Vinícius nega envolvimento (leia mais abaixo); a reportagem não conseguiu contato com os advogados de David.

Cara Preta e Sem Sangue foram mortos a tiros por volta do meio-dia de 27 de dezembro de 2021 na rua Armindo Guaraná, no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro.

Segundo investigações da Polícia Civil, Cara Preta era um integrante influente do PCC (Primeiro Comando da Capital) e envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele.

Na denúncia do Ministério Público, baseada nas investigações dos policiais civis, consta que Vinícius trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e a fazer investimentos para a vítima.

Ainda de acordo com o MP-SP, Cara Preta suspeitou que Vinícius estava subtraindo parte dos valores investidos por ele e começou a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.

A Promotoria de Justiça alega ainda que Vinícius, para não devolver os valores subtraídos e não revelar as irregularidades praticadas, resolveu matar Cara Preta. O empresário, diz o MP-SP, entrou em contato com David e ofereceu dinheiro para ele pelo planejamento e execução do crime.

Ainda conforme os promotores, David entrou em contato com Noé e o contratou para matar Cara Preta. Porém, Noé também acabou assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC, e teve a cabeça decepada, em represália aos homicídios dos dois integrantes da facção criminosa.

Até a tarde desta sexta-feira (27), a Justiça ainda não havia analisado os pedidos formulados pelo Ministério Público.

O que dizem os envolvidos

Vinícius nega qualquer tipo de envolvimento nas mortes de Cara Preta e Sem Sangue e diz ser vítima também. A defesa dele sustenta que o cliente é inocente e que isso será devidamente comprovado durante o curso processual.

Os defensores do empresário afirmam que não há motivo concreto que justifique a necessidade de prisão preventiva do cliente, porque ele permanece em sua residência desde março do ano passado, quando teve a prisão temporária revogada por determinação judicial.

Os advogados de Vinícius alegam também que ele sempre colaborou e vem colaborando com a Justiça, entregou o passaporte às autoridades, não destruiu provas nem coagiu testemunhas.

A defesa argumenta ainda que Vinícius tem ocupação lícita, empresa constituída, escritório e residência em endereços fixos e conhecidos, é pai de família, tem dois filhos e, por tudo isso, pede que seja negada a prisão do cliente.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de David, mas publicará a versão dos defensores dele assim que houver uma manifestação.