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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça de Portugal condena sete brasileiros da quadrilha do Major Carvalho

Ex-major Sergio Roberto de Carvalho está preso na Hungria e é conhecido na Europa como o "Escobar brasileiro" - Reprodução
Ex-major Sergio Roberto de Carvalho está preso na Hungria e é conhecido na Europa como o 'Escobar brasileiro' Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

15/05/2023 04h00

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O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, em Portugal, condenou sete brasileiros por tráfico internacional de drogas, no final do mês passado. Os réus integravam a quadrilha do ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 64, o Major Carvalho, preso na Hungria.

Segundo a Polícia Judiciária portuguesa, os sete brasileiros foram flagrados à 1h55 de 22 de maio de 2019 transportando uma tonelada de cocaína no barco de pesca Wood. A embarcação foi interceptada no Oceano Atlântico, em Cabo Verde, a 4.000 quilômetros de Lisboa.

A Polícia Federal do Brasil havia alertado as autoridades portuguesas sobre os fortes indícios de que o Wood estaria a serviço do Major Carvalho, conhecido na Europa como o "Escobar brasileiro", em alusão ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar.

Duas lanchas com fuzileiros navais se aproximaram do pesqueiro e quando entraram no barco encontraram os sete homens. Eles estavam apenas com a roupa do corpo e contavam com pouca alimentação na embarcação. Foram apreendidos 999 tabletes da droga prensados em plásticos.

As autoridades de Portugal apuraram que a cocaína tinha um grau de pureza entre 84,8% e 91,6%. Pelos cálculos da Polícia Judiciária, o Escobar brasileiro e os comparsas dele sofreram um prejuízo na ordem de 44 milhões de euros.

Os brasileiros condenados são Edmilson Miranda Gomes, 59, Francisco Gomes Barbosa, 43, Marcos Antônio Teófilo da Silva, 48, José Bezerra Pereira, 68, Janilton Sousa da Rocha, 41, Wálter Santos de Pontes, 40, e Marcelo Teixeira de Lima, 48.

Os seis primeiros são do Rio Grande do Norte. Marcelo é natural de Tacima, na Paraíba.

Edmilson, o piloto do Wood, foi condenado a nove anos. Os demais, todos tripulantes, receberam uma pena de oito anos e seis meses. Eles ficaram presos em Portugal até 4 de abril de 2020 e foram colocados em liberdade porque o prazo de 10 meses de prisão preventiva se excedeu.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos réus, mas publicará na íntegra a versão dos defensores de todos eles, assim que houver uma manifestação.

Extradição para o Brasil

O barco Wood havia solicitado às autoridades brasileiras autorização para uma viagem entre Recife e Natal entre 2 de maio e 2 de julho de 2019. No dia 4 de maio de 2019, a embarcação, já com a droga a bordo, começou a navegar pelo Atlântico rumo à África.

De acordo com a Polícia Judiciária de Portugal, o Wood viajou sem ter aportado nem desenvolvido atividade pesqueira. Investigadores portugueses acreditam que o barco iria encontrar outra embarcação na cidade de Praia, Cabo Verde, para fazer o transbordo da droga.

O Major Carvalho, apontado como dono da cocaína apreendida pelos fuzileiros navais portugueses, está preso em Budapeste, na Hungria, desde 21 de junho do ano passado, e deve ser extraditado para o Brasil. Ele foi capturado em um hotel de luxo.

Investigações da PF mostraram que o Escobar brasileiro foi o responsável pelo envio de ao menos 49 toneladas de cocaína para a Europa, via portos brasileiros, especialmente os de Santos (SP), Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Natal (RN) e movimentou R$ 2,25 bilhões em três anos.