Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Caso Gritzbach: Olheiro foi para motel com namorada após assassinato

A Polícia Civil apurou que Kauê do Amaral Coelho, 29, apontado como olheiro dos assassinos do empresário Vinícius Gritzbach, morto com tiros de fuzis em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos, foi para um motel com a namorada após o crime.

Segundo as investigações, foi Kauê quem avisou aos atiradores o exato momento em que Gritzbach deixava o terminal 2 do aeroporto depois de desembarcar de um voo procedente de Maceió, em Alagoas, ao lado da namorada Maria Helena Paiva Antunes, 29.

O tenente Fernando Genauro da Silva, cabo Dênis Antônio Martins e soldado Ruan Silva Rodrigues foram presos acusados de participação direta no assassinato de Gritzbach. Os dois últimos são apontados como os atiradores e o oficial, que era amigo da vítima, é acusado de ter dado fuga à dupla.

Os momentos de Kauê após o crime

Agentes do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apuraram que após o assassinato de Gritzbach, Kauê resgatou os três policiais militares, dirigindo um Audi preto, e depois foi para o apartamento dele, onde a namorada e modelo Jakeline Leite Moreira, 28, o aguardava.

Kauê chegou em casa por volta das 17h30 e estava tranquilo, como se nada tivesse acontecido. Ele não tomou banho, mas trocou de roupa. O casal conversou por alguns minutos e decidiu ir para o motel Caribe, na Barra Funda, zona oeste paulistana.

Os namorados chamaram um motorista de aplicativo e não foram com o Audi preto. Era a primeira vez que ambos utilizavam juntos o serviço de Uber. Jakeline teria indagado onde estava o Audi preto, mas Kauê apenas respondeu: "relaxa, tá tudo bem".

O casal chegou ao motel por volta das 19h30. Horas depois, ambos foram embora. Jakeline seguiu para sua casa e Kauê para o apartamento dele. Eles se encontraram em uma festa, onde consumiram drogas sintéticas e ficaram até a manhã de 9 de novembro.

Kauê avisou a namorada que precisava fazer uma viagem, provavelmente para o Rio de Janeiro. Ela ficou no apartamento dele até segunda-feira (11/11) e depois não teve mais contato com ele. A modelo acabou presa no último dia 16, sob a acusação de tráfico de drogas.

Continua após a publicidade

"Não é olheiro, mas do alto escalão do PCC"

Para a Polícia Civil e Ministério Público do Estado de São Paulo, Kauê não é apenas um olheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), mas integrante do alto escalão da facção criminosa. As suspeitas cresceram após ele ser vinculado à ONG (Organização Não Governamental) Pacto Social.

Os delegados Edmar Rogério Dias Caparroz e Ramon Euclides Guarnieri Pedrão, de Presidente Venceslau (SP), investigaram a ONG e descobriram que Kauê comprou passagens aéreas para o diretor do documentário O "Grito" - Regime Disciplinar Diferenciado", exibido pela Netflix.

A reportagem apurou que as passagens aéreas foram compradas em uma agência de turismo de Jundiaí, no interior de São Paulo e que Kauê efetuou o pagamento por meio de depósito, no valor de R$ 18.350,00.

Dirigentes da ONG acabaram presos no último dia 14 por suspeita de envolvimento com o PCC. Geraldo Costa Sales, 55, vice-presidente da instituição, participou do filme. Ele e outras 11 pessoas foram denunciadas ontem pelo MP-SP por organização criminosa. Kauê permanece foragido.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

4 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Virgilio Vettorazzo

Quem indicava que era apenas um "olheiro" era a Corregedoria da PM? Alguém pode esclarecer? Pergunto porque tenho muitas dúvidas a respeito da qualificação da PM (especialmente da corregedoria) depois da interferência de Derrite e seu subordinado Tarcísio.

Denunciar

Rubens Jesus Sampaio

E os mandantes?

Denunciar