Freixo defende entrada do PSOL em bloco de Maia para eleição na Câmara
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O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) defendeu, nesta segunda (21), a entrada de seu partido na coalizão liderada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados, cobrando "maturidade" de seus correligionários. Contando com dez deputados federais, o PSOL ainda não fechou questão sobre lançar candidatura própria ou apoiar outra, o que deve acontecer em janeiro.
"Nós democratas temos o dever histórico de impedir a reeleição de Bolsonaro em 2022. E derrotá-lo na disputa para a presidência da Câmara dos Deputados é etapa fundamental nessa caminhada", afirmou Freixo - que disputou a Presidência da Câmara em 2019 com o apoio do PT.
O bloco costurado por Maia, que já contava com DEM, MDB, PSL, PSDB, Cidadania e PV, recebeu a adesão dos partidos à esquerda - PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede.
Freixo defende que a eleição de 2022 começa com a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. "Por isso é muito importante que o PSOL, um partido fundamental na defesa da democracia dentro e fora do Parlamento, demonstre maturidade e fortaleça o bloco democrático que está sendo construído para enfrentar Bolsonaro."
O bloco de Maia conta com 281 deputados, sendo necessários 257 para eleger o próximo presidente. Em tese, claro, uma vez que traições são comuns nessa eleição com voto secreto. E também porque o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), transformou a eleição de seu candidato, Arthur Lira (Progressistas-AL), em prioridade total.
Segue a carta de Marcelo Freixo "em defesa do ingresso do PSOL no Bloco Democrático na Câmara":
A bancada do PSOL está debatendo internamente sobre o ingresso no bloco democrático para disputar a presidência da Câmara e deter o avanço do bolsonarismo no Parlamento. Tenho profundo respeito por essa discussão, da qual tenho participado ativamente e me posicionado a favor da entrada do partido para fortalecer essa coalizão.
O PSOL tem a tradição de lançar candidaturas próprias à presidência da Câmara dos Deputados. Respeito essa tradição e tenho a convicção de que ela foi acertada em todas as eleições anteriores à que acontecerá em fevereiro de 2021. Inclusive, eu concorri com Rodrigo Maia ao posto de presidente em 2019, com o apoio do PT.
Dois anos se passaram desde então, estamos chegando à metade do governo Bolsonaro e a democracia brasileira não é a mesma de fevereiro de 2019. Ameaças golpistas com pedidos de fechamento do Congresso Nacional e do STF endossadas pelo presidente; violência e disseminação de fake news contra opositores sendo operadas dentro do Palácio do Planalto; políticas armamentistas que fortalecem a ação do crime organizado e a sabotagem negacionista no enfrentamento à pandemia, que já matou quase 200 mil pessoas, são exemplos do que está em jogo: a sobrevivência dos brasileiros, da República e do Estado de Direito.
Há enormes diferenças entre as forças que compõe essa coalizão, e essa união não tem a pretensão de eliminá-las. Nós temos e manteremos nossas concepções distintas sobre política, economia, cultura e o papel do Estado e sua relação com a sociedade. Entretanto, existe algo em comum que nos une e é muito maior do que as nossas diferenças: a crença nos valores do Estado Democrático de Direito e a certeza de que é nosso compromisso defendê-lo diante das ameaças explícitas do presidente da República.
O bloco está sendo formado e não há uma candidatura pré-definida. Essa escolha será debatida, assim como será discutido um programa comum, que deve dialogar com pautas históricas do PSOL no parlamento: combate às desigualdades, fortalecimento do SUS, proteção das instituições democráticas, defesa dos Direitos Humanos e preservação do Meio Ambiente.
Bolsonaro entende a importância que os embates políticos dentro do Congresso Nacional terão até a eleição de 2022, tanto que está distribuindo emendas e negociando cargos para tentar interferir no pleito. Ele inclusive já sinalizou publicamente que o próximo presidente, se for alinhado ao Planalto, deverá pautar projetos como a excludente de ilicitude, que nós derrotamos em 2019 ao retirá-la do pacote do ex-ministro Sergio Moro.
Nós democratas temos o dever histórico de impedir a reeleição de Bolsonaro em 2022. E derrotá-lo na disputa para a presidência da Câmara dos Deputados é etapa fundamental nessa caminhada.
É preciso ter a clareza de que a eleição de 2022 começa agora, com a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Por isso é muito importante que o PSOL, um partido fundamental na defesa da democracia dentro e fora do Parlamento, demonstre maturidade e fortaleça o bloco democrático que está sendo construído para enfrentar Bolsonaro.
Diante das graves ameaças à vida dos brasileiros e à democracia, a nossa prioridade precisa ser aquilo que nos une, não o que nos separa.