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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Moro vive inferno: Mamãe Falei na Ucrânia, explosão em Maringá, Lula e 6%

Evaristo Sá/AFP
Imagem: Evaristo Sá/AFP

Colunista do UOL

04/03/2022 20h33

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Desde a Quarta-Feira de Cinzas, Sergio Moro está vivendo alguns dos piores dias após se lançar pré-candidato pelo Podemos à Presidência da República.

Nesta sexta (4), o ex-juiz viu um de seus principais aliados acusado de machismo e sexismo com refugiadas ucranianas. Áudios de WhastApp gravados por Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, mostram o deputado estadual paulista dizendo que as ucranianas "são fáceis, porque são pobres" e comentando a estética das mulheres que estão fugindo da guerra para sobreviver.

"Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas 'minas', em dois grupos de 'mina', e é inacreditável a facilidade", disse em um dos quatro áudios.

Isso acontece dois dias após Moro saudar a viagem de Arthur, seu correligionário, à Ucrânia para ajudar na resistência. "É sempre louvável quando saímos do discurso e partimos para a prática", afirmou o ex-ministro de Bolsonaro no Twitter.

Após os áudios virem a público, Moro emitiu nota para se afastar do aliado. "Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto". Também afirmou que "jamais dividirá palanque" com ele. Mamãe Falei era apontado como o seu candidato ao governo de São Paulo.

O ex-juiz, que recebe apoio do MBL para que sua pré-campanha ganhe tração nas redes sociais, já tinha sido bastante criticado quando afirmou que os comentários de outro membro do movimento, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), contra a criminalização do nazismo na Alemanha, eram uma "gafe verbal".

Também nesta sexta, dois operários terceirizados morreram após uma explosão na Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), em Maringá, norte do Paraná. Sergio Moro, que visitava o setor administrativo da fábrica no momento do acidente, lamentou as mortes e interrompeu a visita.

Ele passaria perto do tanque que explodiu. Estava junto com o senador Álvaro Dias e o ex-ministro Xico Graziano.

Já na quarta (2), a pesquisa PoderData apontou Moro numericamente em quarto lugar com 6% das intenções de voto, atrás de Lula (40%), Bolsonaro (32%) e Ciro (7%). Devido à margem de erro de dois pontos, ele está tecnicamente empatado com o ex-governador do Ceará, mas também com o governador gaúcho Eduardo Leite (3%) e, no limite, com o governador paulista João Doria (2%). Com a entrada de Leite no levantamento, o ex-juiz perdeu três pontos.

Apoiadores de Moro esperavam que ele estivesse em março com, pelo menos, 15% de intenções de voto para se provar competitivo.

Para completar, a última ação penal resultante de investigação da operação Lava Jato contra Lula foi suspensa também na quarta. A decisão foi tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski. Moro se notabilizou sendo o juiz responsável pela Lava Jato em uma Vara Federal de Curitiba.

A ação tratava de um suposto tráfico de influência na compra de caças suecos Gripen para a Força Aérea Brasileira. Os advogados do ex-presidente usaram mensagens vazadas do então procurador da República Deltan Dallagnol, defendendo que ela nasceu enviesada.