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Imagem de jovens negros vaiando motociata de Bolsonaro é o puro suco do dia
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Uma foto, tirada em meio às micaretas eleitorais de Jair Bolsonaro, tem grande chance de ficar registrada como o puro suco deste 7 de Setembro distópico por retratar um microcosmo das dinâmicas do país.
Jovens negros em um ônibus que ia de Copacabana para o Jacaré, na Zona Norte do Rio, vaiaram apoiadores do presidente que estavam na motociata puxada por ele, cavalgando belas motos. Na avenida Atlântica, onde os bolsonaristas se concentraram ao longo do dia, predominavam o amarelo das camisas e o branco da pele.
De acordo com a repórter do UOL, Lola Ferreira, responsável pelo flagrante, além das vaias, o grupo gritava o nome de Lula e protestava contra o atual presidente. O trânsito havia sido interrompido por batedores, o que também não deixou ninguém mais feliz com Jair.
Entre pretos, Lula tem 51% das intenções de voto e Bolsonaro, 29%, segundo o último levantamento do Datafolha. Já entre pardos, os registros são de 46% e 32%, respectivamente. Mas, entre os brancos, há um empate técnico, com o petista registrando 39% e o presidente, 38%.
Considerando a renda, Lula tem 63% entre quem ganha até dois salários mínimos e Bolsonaro, 29%. Mas 52% dos que ganham mais de dez salários mínimos estão com Jair e 39% com Lula.
Em suma: o pessoal do ônibus, negro e pobre, ficou irritado com Bolsonaro enquanto outros o festejavam despreocupadamente da mesma forma que uma parte da sociedade, negra e pobre, está irritada com Bolsonaro (pelo preço alto dos alimentos, pela queda da renda, pelas mortes na pandemia...) enquanto outra o festeja despreocupadamente.
Isso ajuda a explicar a razão pela qual Bolsonaro pode ter reforçado suas posições entre seus fãs e seguidores, os empresários que o financiam e os políticos que o apoiam com a demonstração de força deste 7 de Setembro sequestrado.
Mas ele vai precisar muito mais do que micaretas golpistas para conseguir o voto de uma parte da população que viu a vida piorar sob o seu governo.
Mesmo com o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, os mais pobres ainda não tiveram a chamada percepção coletiva de melhora. Não é a chegada dos recursos às contas individuais dos beneficiários que muda o voto, mas as famílias sentirem que a vida delas e de sua comunidade está de fato melhor. E, ao que tudo indica, isso ainda não ocorreu.
De acordo com a pesquisa, 81% dos que ganham até dois salários mínimos não sentiram o preço dos alimentos baixar.
O presidente pode se dizer imbroxável, mas para quem trabalha de manhã para comer à noite, ele é visto como impotente para garantir qualidade de vida.