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Do cheque de Queiroz à joia da Arábia, mutretas com Michelle sobem patamar
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Pode-se dizer que o mandato de Jair alçou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro a outro patamar. Antes, ela era envolvida em escândalos mambembes de desvio de dinheiro público, como os R$ 89 mil em cheques depositados em sua conta pelo faz-tudo Fabrício Queiroz. Agora, é o centro de um escândalo internacional com joias de R$ 16,5 milhões dadas pelo governo da Arábia Saudita em 2021, que a família Bolsonaro tentou trazer como seu item particular.
Ao invés de trazer as joias no próprio voo de volta ao Brasil, o que faria com que o caro presente fosse incorporado ao patrimônio do Estado brasileiro, a família Bolsonaro montou outro esquema: elas vieram muquiadas na mala de um militar que assessorava o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. O escândalo foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Tipo a galera que mete uns eletrônicos escondidos nas cuecas para não pagar imposto no aeroporto. Mas a comparação para por aqui, porque seria o equivalente a esconder mais de 3 mil iPhones de topo de linha na mala.
A Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos apreendeu o mimo, exigindo que fossem pagos 50% de impostos mais 25% em multa para liberar o produto, declarados como um pertence da primeira-dama. Daí, a história piora, com Bolsonaro usando a estrutura do Estado brasileiro, o que inclui pressionar servidores e até usar aviões da FAB para transportar mensageiros, a fim de pressionar pela liberação. Graças à honestidade de funcionários da Receita, não conseguiram.
Após a apreensão, um ofício do gabinete da Presidência ao gabinete do ministro pede as joias "para análise quanto à incorporação ao acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República".
A ascensão dos escândalos envolvendo Michelle foi meteórica. É só pensar que, anos atrás, ela se calava diante de R$ 89 mil em sua conta bancária.
A quebra de sigilo de Queiroz mostrou que ele depositou R$ 72 mil na conta da primeira-dama entre 2011 e 2018, conforme revelou, em 2020, a revista Crusoé. Sua esposa, Márcia de Aguiar, colocou mais R$ 17 mil - informação obtida pela Folha de S.Paulo. No total, R$ 89 mil.
De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, Queiroz era o operador do desvio de recursos públicos do gabinete do então deputado estadual e, hoje, senador Flávio Bolsonaro. O Coaf havia apontado, em 2018, um depósito de R$ 24 mil do faz-tudo para Michelle. Jair prontamente disse, naquele ano, que isso era parte da devolução de um empréstimo que ele fez ao amigo de longa data. Porém, nunca comprovou nada.
Questionado no dia 23 de agosto de 2020, por um repórter do jornal O Globo sobre os depósitos feitos por Queiroz na conta da primeira-dama, o presidente da República afirmou: "Minha vontade é encher tua boca com uma porrada". Logo depois, chamou o jornalista de "safado". Estava em frente a uma igreja, a Catedral Metropolitana de Brasília, quando fez a ameaça.
Michelle Bolsonaro, "lançada" pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, à Presidência da República em 2026 e hoje à frente do PL Mulher, usou uma velha tática do marido. Ou seja, diante de uma denúncia avassaladora, diga apenas que é fake news e culpe a mídia.
"Quer dizer que eu 'tenho tudo isso' e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo, hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória", afirmou nas redes. A resposta, claro, não é para a sociedade como um todo, mas para o naco do rebanho do seu marido, que ainda acredita que a família é honesta.
Vai colar? Daí depende. A primeira-dama, que é evangélica, deve conhecer bem o capítulo 32 do livro de Êxodo, a parte da Bíblia em que os judeus construíram um bezerro de ouro para ser adorado após Moisés demorar em descer do Monte Sinai, onde estava recebendo os Dez Mandamentos.
Se quiser sair candidata, Michelle vai ter mais alguns anos para tentar provar de que não adora bezerros de ouro. Por enquanto, temos uma ex-primeira-dama envolvida em um esquema que, secretamente, tentou dar um golpe na Receita para ficar com ouro enquanto, publicamente, se mostra como alguém que segue à risca as leis da Terra e dos céus.