Leonardo Sakamoto

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Opinião

Alta de emprego e renda beneficia Boulos, mas Nunes tem bilhões para gastar

Duas notícias divulgadas, nesta quinta (31), sopram a favor da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. E não é a pesquisa Datafolha, que o colocou largando à frente faltando mais de 13 meses para a eleição.

Levantamento, divulgado nesta quinta (31), aponta Boulos com 32% das intenções de voto, seguido pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24%, por Tabata Amaral (PSB), 11%, e Kim Kataguiri (União Brasil), 8%. A margem de erro é de três pontos.

O Brasil atingiu a menor taxa de desemprego para um trimestre encerrado em julho desde 2014, com 7,9%, segundo o IBGE. Considerando os números, é o menor contingente de desocupados desde junho de 2015.

Ao mesmo tempo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, confirmou que a proposta do governo para o salário mínimo de 2024 é de R$ 1.421. Isso significa o segundo ano de aumento real (acima da inflação), fruto do retorno do retorno da política de valorização do mínimo, que havia sido abolida por Jair Bolsonaro.

Se emprego e renda dos trabalhadores crescerem, os juros se mantiverem em viés de baixa, a inflação ficar controlada e os novos valores do Bolsa Família continuarem sendo pagos à população mais vulnerável, a sensação de bem-estar material vai garantir que o presidente Lula, padrinho de Boulos, será o principal cabo eleitoral do país.

O PT não irá lançar candidato em São Paulo, cumprindo o acordo que fez com que o então coordenador do MTST retirasse sua candidatura ao governo em 2022 em prol da de Fernando Haddad. E já anunciou apoio a ele.

Ao mesmo tempo, a dúvida é quanto tempo Bolsonaro terá para apoiar Nunes, com quem o PL de Valdemar da Costa Neto pode fechar apoio, uma vez que estará respondendo criminalmente por uma série de ações na Justiça - de peculato e lavagem de dinheiro, no caso das joias, até incitação dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Por outro lado, o prefeito Ricardo Nunes conta com mais de R$ 34 bilhões em caixa para gastar por sua reeleição.

São Paulo teve a dívida quitada com a União em troca da cessão do Campo de Marte, uma negociação que começou com o falecido Bruno Covas e teve participação importante do "primeiro-ministro" da capital, Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara.

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É tanto dinheiro que o prefeito analisa, inclusive, a implementação de uma pauta da esquerda: o passe livre nos ônibus pelo menos em parte da semana. Sim, a mesma reivindicação que deu início às manifestações de junho de 2013 na capital paulista - e que, consequentemente, ajudou a mudar a história recente da política do país.

Nunes aparece com uma taxa de conhecimento que não é distante da de Boulos. Conhecem muito bem o prefeito 24% do eleitorado, enquanto o deputado tem 31%. Conhecem um pouco, 26% e 22% e conhecem só de ouvir falar, 29% e 27%, respectivamente.

Ou seja, Boulos tem 80% de algum nível de conhecimento, enquanto Nunes conta com 79%. Em parte, isso se deve aos milhões que a administração municipal vem gastando em propaganda.

Para ele, esse número é tanto o céu, quanto o inferno. O Datafolha aponta que 79% dos entrevistados desejam mudança nos rumos da administração paulistana, enquanto apenas 17% desejam manter tudo como está.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL