Lama que encobre Marçal é maior do que aquela que ele quer jogar nos outros
Após tentar emplacar a mentira de que Tabata Amaral foi responsável pelo suicídio do próprio pai, Pablo Marçal vem se esforçando em vender a fake de que Guilherme Boulos é dependente de cocaína. E enquanto gasta tempo atacando os adversários à sua esquerda, consegue jogar fumaça sobre a própria capivara.
Condenado a quatro anos e cinco meses pela Justiça Federal em Goiás, por um caso de furto qualificado como membro de uma quadrilha responsável por fraude bancária, ele nunca cumpriu pena, que acabou prescrita. Hoje, quando questionado sobre isso, rebate a informação dizendo que apenas cuidava dos computadores. E escapa de dar explicações atacando outras pessoas.
A Folha de S.Paulo, contudo, acessou o processo. Nele, a Polícia Federal aponta que além de fazer a manutenção dos equipamentos da quadrilha, Marçal operava um programa responsável por captar contas de correio eletrônico para as quais seriam enviadas mensagens a fim de roubar dados de contas bancárias. Ou seja, escolhia as vítimas.
O bolsonarismo não inventou a cortina de fumaça no debate público brasileiro, mas foi quem mais usou esse recurso. Nada melhor que uma mentira suculenta para 1) mobilizar os seguidores através do asco gerado contra os adversários; 2) esconder os próprios problemas que, não raro, são graves e levariam seus seguidores a torcerem o nariz. Nesse sentido, Marçal percorre a trilha que foi aberta por Jair.
Em 2018, foi a fake da "mamadeira de piroca" contra Fernando Haddad; em 2024, é a acusação sem provas de que Boulos é um "aspirador de pó". A diferença é que, há seis anos, ainda havia certo receio de se vincular a uma mentira desse porte por conta de ações judiciais. Hoje, a candidatura de Marçal deu uma banana às autoridades. A Justiça Eleitoral manda remover postagens com fakes, eles as tira e depois publica novas sem medo de ser feliz.
Em um momento em que os brasileiros sofrem com os golpes das falsas centrais telefônicas que roubam grana dos correntistas, principalmente idosos, a constatação de que um dos principais candidatos a governar a maior cidade do continente americano foi condenado por participar de algo semelhante não deixa de ser paradigmático.
Mostra que uma parcela da população não quer alguém que resolva os problemas. Quer entretenimento. De má qualidade.