Dinheiro de Nunes e vídeos de Marçal farão UFC privê em SP até domingo
Após o Datafolha apontar um triplo empate técnico na liderança da corrida à Prefeitura de São Paulo e o debate da TV Globo ter sido ligeiramente melhor para Guilherme Boulos do que para Ricardo Nunes e Pablo Marçal, os dois candidatos que disputam o campo da direita farão o seu UFC particular de hoje até domingo.
Não que um segundo turno entre Nunes e Marçal não seja claramente possível. Mas ambos batem em Boulos não para tirar votos do deputado, mas a fim de arrancar votos um do outro. Para os dois, é um jogo de seis pontos: a desidratação de um é o crescimento do oponente.
De um lado, Ricardo Nunes com a rica máquina estatal do município e um exército de vereadores com suas redes capilarizadas de lideranças locais. Esse pessoal vai bater perna para tentar virar voto até domingo. Nunes pode não ser o rei do carisma e da comunicação, mas tem dinheiro em caixa e gente que não quer perder poder.
Do outro, Pablo Marçal e seu exército de produtores de cortes de vídeo movidos por ideologia ou cascalho, respaldados pela tropa de choque de deputados bolsonaristas que ignoraram Jair e até atropelaram a candidata do próprio partido para apoiá-lo. Essa é a hora em que retoma o carismático discurso de coach, prometendo o paraíso e a prosperidade pelas redes.
É um embate entre formas analógica e digital de fazer campanha e também de perfis opostos de candidatos.
Mas as coisas não são quadradinhas, tipo, um contra o outro. Nunes também disputar votos do petismo na periferia de São Paulo. Não à toa, nas últimas semanas, ele vem dizendo que gerou milhões de empregos na capital paulista enquanto o Palácio do Planalto credita isso aos esforços de Lula, padrinho de Boulos.
Ou seja, pode haver um movimento em que a base de Nunes tira votos que potencialmente seriam do deputado enquanto os soldados de Marçal removem votos que seriam de Nunes.
Na reta final, a campanha de Boulos também está de olho em votos da periferia que estão com Nunes, mas votaram em Lula em 2022. E, para isso, também espera contar com a base petista. E nos de Tabata Amaral. A campanha do deputado avalia que, se passar para o segundo turno, 60% dos eleitores da deputada teriam a sua preferência.
Já Marina Helena, do Novo, que enfrenta até seu correligionário Ricardo Salles apoiando Marçal, deve minguar entregando votos ao coach.
Neste momento, há uma leve vantagem para Marçal, que vem demonstrando nas pesquisas dos institutos e nos trackings internos das campanhas uma tendência de crescimento firme nos últimos tempos. Mas, como sou contra bets, não faço apostas sobre o domingo. Apenas torço pela sabedoria dos paulistanos.