Pesquisa mostra os jornalistas mais atacados no 1º turno; veja os 10 mais
Mais de 44,2 mil ataques contra a imprensa foram realizados no primeiro turno das eleições municipais neste ano. E durante o bloqueio do X pelo Supremo Tribunal Federal, o TikTok, que reúne público mais jovem, assumiu o papel de rede social mais nociva, segundo levantamento da Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) divulgado nesta sexta (11).
Mais de 450 contas de jornalistas, meios de comunicação e candidatos às prefeituras vêm sendo monitoradas desde 15 de agosto em parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados da Universidade Federal do Espírito Santo.
Entre 15 de agosto e 6 de outubro, dia da eleição, os profissionais de imprensa mais atacados foram Carlos Tramontina (mediador do debate do Flow), Josias de Souza (UOL), Pedro Duran (CNN Brasil), Andréia Sadi (GloboNews), Vera Magalhães (O Globo/ CBN), Diego Sarza (UOL), André Trigueiro (GloboNews), Leonardo Sakamoto (UOL), José Roberto de Toledo (UOL) e Daniela Lima (GloboNews).
E os dez veículos de comunicação que mais receberam menções ou comentários hostis foram: GloboNews, UOL, Metrópoles, G1, CNN, O Globo, Folha de S.Paulo, TV Globo, O Estado de S.Paulo e Veja.
De acordo com o levantamento, os ataques variaram de agressões diretas a um discurso estigmatizante. Expressões como "mídia podre", "jornalismo tendencioso", "extrema imprensa", "imprensa militante", "jornalismo imparcial" e "imprensa vendida" foram frequentemente usadas para descredibilizar profissionais e veículos.
A hashtag mais adotada para coordenar ataques foi #globolixo, mesmo contra veículos que não tem relação com a empresa. O que indica que ela se tornou um termo para hostilização ao jornalismo em geral.
Nas três primeiras semanas, o X ocupava o primeiro lugar em número de ataques (mais de 34,7 mil, confirmando o caráter tóxico para a liberdade de imprensa da rede de Elon Musk. Após o bloqueio, que durou até esta terça (8), quando a empresa voltou a cumprir as leis e decisões judiciais brasileiras, o TikTok assumiu a dianteira, com cerca de 4,4 mil ataques em 20 dias. No Instagram, foram mais de 4,8 mil ataques em sete semanas.
Os principais perfis agressores se apresentam como conservadores de direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas as principais ondas de violência se formaram pela ação de eleitores do candidato Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo. Por exemplo, contra jornalistas que questionaram o candidato em sabatinas e debates.
O levantamento aponta que os seguidores de Marçal tentavam atrelar a atuação dos jornalistas e veículos a partidos de esquerda ou insinuar que eram comprados ("caiu o Pix").
Também foram monitorados ataques off-line
A Coalizão em Defesa do Jornalismo também registrou 14 denúncias de ataques a jornalistas, entre agressões físicas, verbais, interpelações policiais, processos judiciais abusivos e campanhas de estigmatização.
Por exemplo, a jornalista Paula Araújo, do Conexão GloboNews, sofreu agressão em frente à Globo, em São Paulo, no dia 30 de setembro, enquanto se preparava para entrar ao vivo para falar das eleições. A agressora tentou ataca-la com o tripé da câmera, desferiu um tapa na repórter e acusou a emissora de perseguir Bolsonaro.
A Coalizão em Defesa do Jornalismo é uma articulação de 11 organizações da sociedade civil em defesa da liberdade de imprensa: Artigo 19, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Instituto Tornavoz, Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Jeduca - Associação de jornalistas de educação e Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
A Coalizão vai continuar monitorando os ataques neste segundo turno e, ao final, vai publicar um relatório com análises sobre as tendências das violências monitoradas e recomendações ao Estado brasileiro e às plataformas digitais. A íntegra dos relatórios semanais do 1º turno pode ser acessada aqui.