Produzindo em alto nível, cartunista Laerte vai da política à poesia

A cartunista Laerte foi a convidada do UOL Entrevista desta segunda-feira (21). O programa conduzido por Fabiola Cidral contou com a participação de Gabriela Augusto, criadora da Transcendemos, uma consultoria dedicada a promover diversidade, e deste colunista.

É sempre um prazer ouvir Laerte, uma artista que considero genial. A conversa foi por diversos caminhos. Falamos de um cartum atemporal ("A grande ficha, em algum momento ela vai cair"), de sua produção atual, do seu processo de transição de gênero e, claro, da situação política e do governo Bolsonaro (veja no vídeo acima).

"O bolsonarismo se caracteriza por uma falta de política total, então o bolsonarismo, numa discussão política ele cai aos pedaços, ele se esboroa. O bolsonarismo depende da existência desses subfatos, precisa das fake news, depende disso, e é o que cultiva, como isso tudo é do ridículo enorme, o bolsonarismo se comporta quase como uma caricatura viva", afirmou.

Aos 70 anos, Laerte segue produzindo em alto nível. O seu trabalho gráfico não perde a força, seja nas incursões políticas com comentários do dia-a-dia seja nas tiras mais ousadas, ambiciosas e profundas.

As tirinhas na Ilustrada, na qual vai além do humor em registros às vezes enigmáticos, às vezes poéticos, estão entre as melhores do gênero no país. Os cartuns políticos que publica semanalmente na página 2 da Folha, são sempre criativos e potentes. O livro "Manual do Minotauro", no qual reuniu 1,5 mil tiras publicadas entre 2004 e 2015, também foi tema da entrevista.

Para quem é fã de Laerte, como eu, a entrevista ainda guarda alguns ótimos momentos fora do roteiro, como quando sua gata, Muriel, tentou roubar a cena. Abaixo, a íntegra da conversa: