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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

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Agência de notícias americana cria o cargo de "editor de democracia"

Apoiadores de Trump forçam passagem pela porta principal do Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2021 - GETTY IMAGES
Apoiadores de Trump forçam passagem pela porta principal do Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2021 Imagem: GETTY IMAGES

Colunista do UOL

23/06/2022 04h00

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Uma das mais antigas e respeitadas agências internacionais de notícias, a Associated Press anunciou este mês a criação de um cargo incomum, o "editor de democracia", e nomeou o jornalista Tom Verdin para ocupar a função.

O jornalista indicado para o novo cargo da AP supervisionou, em 2021, uma revisão das acusações de fraude eleitoral nas eleições americanas, identificando cerca de 475 casos nos seis estados questionados por Trump, um número que não faria diferença nos resultados de 2020. Essa reportagem foi repetidamente citada pela AP e outros meios de comunicação para refutar as mentiras do ex-presidente sobre uma suposta fraude eleitoral generalizada.

A agência prometeu "injetar mais recursos para cobrir os desafios à democracia nos EUA, incluindo direitos de voto e acesso, administração de eleições e o papel da desinformação e propaganda". Em entrevista à CNN, a editora executiva da AP, Julie Pace, disse que as atuais ameaças à democracia nos Estados Unidos chamaram a atenção da empresa.

O anúncio ocorre no momento em que uma comissão da Câmara dos Deputados dos EUA está investigando os ataques de 6 janeiro de 2021 ao Capitólio — uma ação que, na visão de muitos, configurou uma tentativa de golpe contra a democracia. A comissão promete apresentar provas de que o ex-presidente Donald Trump esteve envolvido na ação, insuflando eleitores a tentar reverter o resultado da eleição de 2020, vencida por Joe Biden.

A decisão de criar este cargo ocorre também num ano em que os Estados Unidos terão importantes eleições estaduais e, ao que tudo indica, a influência de Trump será notável.

O paralelismo com a situação brasileira, infelizmente, é grande. O presidente Jair Bolsonaro não apenas é um grande fã de Trump, como colocou em dúvida o resultado da eleição americana, em 2020, e diariamente, sem apresentar provas, coloca em questão o sistema eleitoral brasileiro.

Como disse a Folha em editorial há 12 dias, comparando os dois, "o desprezo pelo regramento democrático, o roteiro de contestação prévia de resultados eleitorais desfavoráveis e a incitação à balbúrdia institucional são elementos inerentes à conduta do mandatário brasileiro".

A defesa da democracia é uma grande questão no Brasil, em 2022. E ajuda a entender por que um "editor de democracia" poderia ser útil em diferentes veículos de mídia nacionais.

Pra esquecer

Petro - EPA - EPA
Gustavo Petro, eleito presidente da Colômbia, ao lado da vice-presidente eleita, Francia Márquez
Imagem: EPA

Ainda há quem acredite que a melhor maneira de enfrentar uma realidade incômoda é fechando a janela. O método, evidentemente, não funciona. E, quando praticado por um veículo de comunicação, tende a arranhar a sua credibilidade. Foi o que ocorreu esta semana com a notícia de que, pela primeira vez na história, um candidato de esquerda venceu e será presidente da Colômbia. A vitória de Gustavo Petro foi assunto de destaque em quase todas as emissoras brasileiras. Apenas a Record escondeu o assunto numa nota de 20 segundos, em que não mencionou o fato de o presidente eleito ser de esquerda e, muito menos, que a sua eleição tem um caráter histórico.

Pra lembrar

Petro Petró - Fred Builes/Reuters e Arquivo pessoal - Fred Builes/Reuters e Arquivo pessoal
Montagem com fotos do presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro (esq.), e do jornalista brasileiro Gustavo Petró
Imagem: Fred Builes/Reuters e Arquivo pessoal

Ainda falando da eleição na Colômbia, o resultado teve um sabor especial para um jornalista brasileiro com nome idêntico ao do presidente eleito. Gustavo Petró, do site G1, recebeu um convite para participar da posse de Gustavo Petro. Segundo relatou o jornalista, ele é confundido com o político há pelo menos 10 anos, quando o colombiano venceu as eleições à prefeitura de Bogotá. O convite para a eventual posse presidencial aconteceu ainda em 2021, quando o brasileiro participou, virtualmente, de um programa de TV colombiano com seu homônimo. Naquele momento, Petro prometeu que, se vencesse as eleições, o convidaria para a cerimônia.

A frase

Paulo Vieira - Globo/ Ju Coutinho - Globo/ Ju Coutinho
O apresentador e humorista Paulo Vieira
Imagem: Globo/ Ju Coutinho

"Se a fofoca é mentira (ou pelo menos não estou sabendo) mas é boa pra mim eu dou RT sim kkkkkk"
Paulo Vieira após compartilhar no Twitter a notícia de que a Globo pretende ressuscitar o "Video Show" e o seu nome estaria cotado para ser um dos apresentadores.

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