Banqueiros pedem suporte a Haddad e Lula diz que não tem tempo para errar
Os presidentes dos quatro maiores bancos privados do pais - Itaú, Bradesco, Santander e BTG - pediram nesta quarta-feira (16) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que apoie as iniciativas de controle de gastos que vem sendo preparadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Segundo pessoas que participaram da reunião, não havia tom de cobrança, mas os banqueiros deixaram claro que Haddad não pode ser a "única voz do governo" a favor do ajuste fiscal.
E que são necessárias "medidas concretas", porque as incertezas e ruídos estão impedindo que parte do mercado entenda como o arcabouço fiscal vai ser cumprido.
"Tenho total confiança no trabalho do Haddad. Eu não posso, não quero e não tenho tempo para errar", afirmou Lula aos banqueiros, lembrando que possui apenas mais dois anos e dois meses neste terceiro mandato.
A reunião, que ocorreu nesta quarta-feira no Palácio do Planalto, durou uma hora e meia. Pessoas presentes relatam que o clima "não era de cobrança" e o semblante do presidente era de "compreensão".
Participaram da reunião o CEO do Itaú, Milton Maluhy, do Bradesco, Marcelo Noronha, do Santander, Mario Leão e o presidente do conselho de administração do BTG, André Esteves. Pela Febraban, estavam o presidente-executivo, Isaac Sidney, e o presidente do conselho diretor, Luiz Carlos Trabuco.
Um banqueiro chegou a dizer que os investidores internacionais estão mais otimistas que os brasileiros e que isso ocorria por causa das incertezas em relação ao arcabouço que o governo precisava enfrentar essas dúvidas.
Ele lembrou que o país tem hoje atividade econômica aquecida e desemprego baixo, mas que os preços dos ativos refletem essa percepção negativa.
Haddad aproveitou o respaldo dos bancos para dizer que concordava com o diagnóstico. O ministro disse ainda que era preciso trabalhar para retomar o grau de investimento.
Segundo apurou a coluna, a reunião entre Lula e os banqueiros vinha sendo solicitada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) desde a "MP do fim do mundo" em junho deste ano, mas só ocorreu agora.
Naquele momento, Haddad enfrentou forte pressão ao tentar acabar com a compensação do PIS/Cofins do setor exportador. A MP acabou devolvida e a turbulência política passou. O ministro recebeu total suporte dos bancos.
Na semana passada, Esteves, do BTG, afirmou num evento em Nova York que os ativos brasileiros estavam desvalorizados por causa de um pessimismo excessivo com o governo Lula e que, se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fosse candidato à presidente da República em 2026, o mercado viveria o "rally dos rallys".
Na visão de fontes do mercado, o Planalto fez questão de tornar pública a reunião entre os banqueiros e Lula, assumindo assim um compromisso com o controle de gastos. A percepção é de que a mensagem do presidente foi positiva, mas que os investidores vão ficar no aguardo de medidas efetivas.
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