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Reinaldo Azevedo

Fachin, o morominion, é mesmo de Dallagnol, Aha uhu! Alguém está surpreso?

Edson Fachin, ministro do Supremo: decisão reacionária mantém Lava Jato como um "bunker" -  Pedro Ladeira/Folhapress
Edson Fachin, ministro do Supremo: decisão reacionária mantém Lava Jato como um "bunker" Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

04/08/2020 07h52

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Em 13 de junho de 2015, Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato de Curitiba, manteve um encontro com Edson Fachin, relator do petrolão no Supremo. Na sequência, enviou uma mensagem para seus pares pelo Telegram, conforme reportagem do The Intercept Brasil em parceria com a Veja: "Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso". Que dúvida! Fachin é mesmo de Dallagnol. E ele tem razões para acreditar que tem o controle de outros membros do Supremo. Vamos ver.

O ministro resolveu cassar a liminar concedida por Dias Toffoli que impunha o compartilhamento dos dados das, como direi?, sucursais da Lava Jato com a Procuradoria Geral da República. Engrolou uma cascata de suposto rigor técnico para que tudo continue como está: a triunfar a vontade do ministro, cada uma das forças-tarefa continuará a ser um bunker de segredos, com milhares de pessoas e empresas investigadas, sem que se conheçam os critérios que determinaram o que, tudo indica, é uma devassa sem precedentes alcançando cidadãos, políticos e empresas.

Ora, quem faz devassa ao arrepio da lei conserva a prerrogativa da chantagem, não é mesmo?, podendo, inclusive, manipular vazamentos segundo seus interesses.

Fachin fez rigorosamente o que eu esperava que fizesse: a coisa errada! Assim tem sido desde que botou o pé no tribunal, ungido, em grande parte, pelas esquerdas. Combati a sua indicação em algumas dezenas de textos. Mas lá está ele. É o chefe do reacionarismo penal na Corte e o líder da banda punitivista, com seu ar entre o sacristão e o chefe de cadeia. O homem resolveu devolver às forças-tarefa o destino do Brasil — o mau destino. O buraco a que nos conduziu a Lava Jato ainda é pouco para ele e para o tal grupo "Muda Senado". O conjunto da obra é uma vergonha.

E quem é o dono desses segredos? O Estado brasileiro? Não! As forças-tarefa, que não têm existência legal. Esses grupos de procuradores foram criados pela própria Procuradoria Geral da República e, ora vejam!, declararam a sua autonomia, combatendo a corrupção segundo seu próprio entendimento do que sejam Constituição, estado de direito e devido processo legal.

Sim, é verdade! Essa gente só avançou e levou a legalidade brasileira à miséria porque contou com a conivência dos tribunais, incluindo o STF. É um despropósito que Sergio Moro, por exemplo, tenha continuado à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba mesmo depois de ter gravado ilegalmente uma conversa da então presidente da República, Dilma Rousseff, com Lula, fazendo, anto-contínuo, uma divulgação igualmente ilegal de seu conteúdo. E que reprimenda levou de Teori Zavascki, então ministro do STF e relator do petróleo na Casa? Um mero pito! E nada mais.

Conhecemos parte dos desmandados da Lava Jato, revelados pela Vaza Jato. A quantidade fabulosa de dados mantidos pela operação — correspondente a nove vezes o que reúne todo o Ministério Público Federal — aponta para uma verdadeira polícia paralela. Se depender de Fachin, os respectivos imperadores das forças-tarefa que façam o que lhes der na telha. Aliás, que fique claro ao atual titular da PGR e aos vindouros: criar uma força-tarefa corresponde a ser engolido pela criatura.

E que se note: Fachin cassou uma liminar enquanto Deltan Dallagol estava nas redes sociais detonando a PGR e o próprio Dias Toffoli. Incentiva, adicionalmente, o vale-tudo.

E é claro que o coordenador da força-tarefa de Curitiba não vai parar. Afinal, Fachin é dele. Toffoli tem mais cinco dias à frente da Presidência do Supremo. Assume o posto o ministro Luiz Fux. Lembro outra reportagem, publicada originalmente neste blog. No dia 22 de abril de 2016, Dallagnol, um dos donos de Fachin, esteve com o agora próximo presidente do STF. Depois do encontro, escreveu o seguinte para seus pares de Telegram:
13:04:13 Deltan Caros, conversei com o FUX mais uma vez, hoje

13:04:13 Deltan Reservado, é claro: O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições

13:04:13 Deltan Em especial no novo governo...

Ele repassou essa conversa para Moro, que respondeu:
13:06:55 Moro Excelente. In Fux we trust...

Ou: "Nós confiamos em Fux"

Dois outros ministros têm endossado todos os despropósitos do lavajatismo: Roberto Barroso e Cármen Lúcia. Com alguma frequência, Rosa Weber se alinha com o grupo.

Só para lembrar: a campanha de Moro à Presidência já foi lançada na Internet pelos moromínions. É preciso saber se ministros do STF escolherão a lei ou se comportarão como cabos eleitorais. Fachin já fez sua escolha.