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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Falso produtor da SporTV é condenado por estelionato na Copa de 2014

Seleção da Alemanha comemora um dos gols do 7 a 1 sobre o Brasil na Copa do Mundo de 2014 - Jamie McDonald/Getty Images
Seleção da Alemanha comemora um dos gols do 7 a 1 sobre o Brasil na Copa do Mundo de 2014 Imagem: Jamie McDonald/Getty Images

Colunista do UOL

22/07/2021 14h21

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O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou por estelionato um homem que se apresentava como produtor do SporTV para aplicar golpes durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, realizada no Brasil.

Fingindo trabalhar emissora, Thiago D'Angelo, de acordo com a acusação, oferecia credenciais para a primeira fase do campeonato mundial.

Pedia uma fotografia da vítima e os dados pessoais, dizendo que entregaria o documento uma semana após a realização do pagamento.

Por R$ 1000, o advogado G.G. comprou dois pacotes de ingressos, com entradas para três partidas na Arena Corinthians: Brasil x Croácia, jogo de abertura da Copa, Inglaterra x Uruguai e Holanda x Chile.

Durante a negociação, para ganhar credibilidade, Thiago pediu à vítima que fosse a Mogi das Cruzes, onde estaria cobrindo um jogo de basquete. A vítima foi até lá e, ao vê-lo portado um crachá com o suposto símbolo da emissora, acabou acreditando que ele era mesmo quem dizia ser.

Após a partida, o falso produtor enviou por WhatsApp os dados de sua conta bancária. O pagamento foi feito. Dias depois, G.G. comprou por R$ 500 mais um pacote de ingressos, a fim de presentear um amigo. Ele nunca recebeu as credenciais. De acordo com o processo judicial, outras duas pessoas caíram no golpe.

Em 2017, reportagem publicada pelo UOL noticiou que uma pessoa identificada pelo mesmo nome [Thiago D'Angelo] havia aplicado golpes contra funcionários e jogadores do Corinthians. O acusado se dizia funcionário da Rede Globo para se aproximar dos atletas.

Quatro jogadores teriam sido enganados, com a promessa de venda de equipamentos eletrônicos que nunca foram entregues. No total, Thiago teria embolsado mais de R$ 23 mil.

Ao condenar Thiago no caso da Copa do Mundo, o desembargador Silmar Fernandes, relator do processo no Tribunal de Justiça de São Paulo, afirmou que "valendo-se da alta demanda e interesse de torcedores por tal evento, o acusado convenceu as vítimas de que teria ingressos disponíveis para venda".

O falso produtor foi condenado a um ano e três meses de prisão em regime aberto, mas a punição foi convertida para prestação de serviços à comunidade. Terá de pagar ainda um salário mínimo para cada uma das vítimas.

Thiago, que ainda pode recorrer da decisão, disse ser inocente à Justiça. Afirmou que não teve a intenção de enganar ninguém. Segundo ele, a pessoa responsável pela gráfica, que iria imprimir os ingressos, desapareceu. Disse também que conseguiu devolver os valores para um dos clientes.

Para o desembargador, ficou evidente que o acusado não teria ingresso algum para ser comercializado. "Caso houvesse alguma entrega, possivelmente seria de ingressos falsos."