Rogério Gentile

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Após ter Porsche apreendido, influenciador é acusado de promover rachas

O influenciador digital Maykon Santos está sendo processado na Justiça paulista sob acusação de promover "espetáculos surreais" de rachas, batidas e outras infrações de trânsito com o objetivo de ganhar seguidores e, consequentemente, melhorar a sua monetização.

A ação foi aberta pela Prefeitura de Peruíbe, no litoral paulista, que acusa Maykon de causar grandes transtornos nas ruas da cidade e colocar "em risco a vida de crianças e idosos".

A administração municipal anexou na ação uma série de vídeos com postagens feitas pelo influenciador, que tem mais de 780 mil seguidores no Instagram.

Em um dos vídeos, um carro vermelho, batido, é filmado em meio a uma grande aglomeração de pessoas. A legenda diz: "Chapado. Virou carrinho de bate-bate". Outro post mostra um buggy rodando em alta velocidade em torno de um veículo.

A prefeitura afirmou na ação suspeitar que o influenciador use os vídeos para vender ilegalmente cotas ou rifas de veículos luxuosos — ele seria proprietário de uma loja de motos.

"O contingente de segurança não tem sido suficiente para conter a profusão de infrações de trânsito e de periclitação da vida e da saúde", disse a prefeitura no processo.

Ele escolhe as datas de maior afluxo de pessoas à nossa cidade para promover tais desrespeitos à ordem social.
Prefeitura de Peruíbe, no processo

Na ação, a prefeitura pede que Maykon seja proibido de convocar eventos que gerem aglomerações nas ruas, bem como de praticar qualquer conduta que coloque as pessoas em risco. Quer ainda a cassação do seu perfil nas redes sociais e que ele seja condenado a pagar indenização por danos morais coletivos.

O influenciador negou as acusações à Justiça. Ele disse que as únicas provas apresentadas no processo são imagens nas quais ele está em "momentos de lazer", se descontraindo com amigos.

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Maykon afirmou que, "mesmo que as imagens demonstrem a prática de infrações de trânsito", ele não as reconhece uma vez que a caracterização de infração dependeria de uma "autuação" (registro oficial) por parte autoridades dentro do prazo previsto em lei, o que, segundo ele, já teria terminado.

Ele disse à Justiça ainda que são inverídicas também as acusações de que venderia rifas e que as promoveria em eventos nas ruas.

Não há qualquer documento que comprove que tenha se utilizado de suas redes sociais para convidar seguidores para quaisquer eventos.
Defesa de Maykon Santos à Justiça

O influenciador disse que apenas fotografou, filmou e postou os momentos de aglomeração, "assim como provavelmente centenas de pessoas fizeram".

Afirmou que cassar seu perfil e proibir suas futuras postagens seria um ato de autoritarismo e de censura prévia.

A Justiça ainda não julgou o mérito do processo, mas uma liminar foi concedida determinando que ele exclua de seu perfil convocações para eventos que gerem aglomerações em vias públicas e que ele não realize novas postagens com esse tipo de teor.

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No início do ano, Maykon teve um Porsche apreendido em Peruíbe após, segundo a polícia, ter dirigido na contramão e fazer uma manobra perigosa. Ele estaria em um racha com um amigo, que dirigia um Camaro. À época, ele negou as acusações.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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