Rogério Gentile

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Afilhado de Marcola é condenado por plano para matar promotor que apura PCC

A Justiça paulista condenou, em segunda instância, Gabriel Nekis Gonçalves, de 30 anos, sob acusação de planejar a morte do promotor Lincoln Gakiya, que desde 2006 investiga as ações do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Gonçalves, que recebeu uma pena de 13 anos e 4 meses de prisão, foi flagrado em 2019, segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, portando um bilhete com a ordem de assassinato do promotor e de toda a sua escolta.

Preso na Penitenciária de Presidente Bernardes, no interior paulista, Gonçalves se deslocava para uma conversa com sua advogada quando, durante uma revista, o bilhete foi encontrado em um invólucro plástico.

Em letra vermelha, o texto dizia que "este lixo de promotor tem que morrer esta semana" e indicava o local onde estariam os explosivos e os drones que deveriam ser utilizados no atentado. Um exame pericial comprovou que a letra era de Gonçalves.

Outro lado: na defesa apresentada à Justiça, Gonçalves disse ser inocente e que nunca integrou qualquer organização criminosa.

"Afilhado de Marcola"

De acordo com denúncia da Promotoria, Gonçalves foi batizado na facção por Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o principal chefe da organização criminosa. No bilhete, ao lado do seu nome, constava a frase "afilhado do M.Maior" (Marcola, segundo as investigações).

A ordem de assassinato do promotor foi dada após a descoberta de um suposto plano de resgate de Marcola e de outros integrantes da facção, à época presos na Penitenciária de Presidente Venceslau.

O plano de resgate previa o uso de aeronaves, veículos blindados e armamento de guerra e seria executado por homens treinados na Bolívia. O PCC, segundo as investigações, pretendia cercar um batalhão da polícia militar e atacar uma subestação de energia elétrica a fim de deixar a cidade sem luz no momento do resgate.

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Com a descoberta do plano, o governo paulista enviou um grande contingente de policiais para a região e montou um sistema com metralhadoras capazes de abater aeronaves.

O promotor Gakiya formulou o requerimento judicial que obteve a transferência de Marcola e outros 21 chefes do PCC para presídios federais. Esse pedido de transferência teria motivado a ordem de assassinato.

O que diz a defesa de Gonçalves

A defesa de Gonçalves disse à Justiça que ele não portava bilhete algum no momento da revista e que o exame grafotécnico que constatou a sua letra está "eivado de vícios". Declarou ter sido submetido a ameaça psicológica por parte dos agentes penitenciários na coleta do exame.

Disse ainda considerar que a acusação visava prejudicá-lo e que teme ser morto por integrantes do PCC, em decorrência dessa "imputação indevida".

A condenação

Gonçalves foi condenado em primeira instância em agosto de 2023. Na semana passada (dia 11 de março), a sentença foi confirmada pelos desembargadores do Tribunal de Justiça.

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O desembargador Maurício Pereira Filho, relator do processo, disse que o "robusto" conjunto de provas não deixa dúvidas sobre a culpa do acusado.

Além de Gonçalves, foi condenado Tony Silveira, cujo nome também constava do bilhete (a uma pena de 13 anos e 4 meses de prisão).

Tony disse à Justiça que a acusação não condiz com a realidade e que não integra a organização criminosa.

Os dois ainda podem recorrer.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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