Ouvir Bolsonaro é um dos atos 'imprescindíveis' no caso Moro, diz PF ao STF
Resumo da notícia
- Polícia Federal pediu nesta quarta-feira (2) a prorrogação do inquérito que tramita no STF a partir de denúncia do ex-ministro Moro
- A investigação, autorizada pelo STF em 27 de abril, apura a suposta interferência política de Jair Bolsonaro no comando da PF
A PF (Policia Federal) informou nesta quarta-feira (2), em ofício encaminhado ao ministro do STF Celso de Mello, que a tomada de depoimento do presidente Jair Bolsonaro é um dos atos "imprescindíveis" para "o esclarecimento dos fatos" apurados em inquérito aberto no tribunal.
A investigação apura a denúncia do ex-ministro de Justiça Sergio Moro sobre a suposta interferência política de Bolsonaro no comando da Polícia Federal. Nesta quarta-feira, a PF pediu a prorrogação do inquérito por mais 30 dias. Celso de Mello, a quem cabe decidir sobre o pedido, está afastado do tribunal por problemas de saúde. Em janeiro, ele passou por uma cirurgia no quadril.
"Solicito a Vossa Excelência concessão de prazo de 30 dias para a continuidade das investigações, tendo em vista a existência de diligências pendentes de realização imprescindíveis ao esclarecimento dos fatos, como a análise dos inquéritos e documentos recentemente acostados aos autos, a oitiva [depoimento] do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, além de outras julgadas necessárias pelas autoridades de polícia judiciária na condução das investigações", diz o ofício da PF protocolado no STF.
É a terceira vez, desde 25 de maio, que os delegados responsáveis pelo inquérito se dirigem ao Supremo para falar sobre a necessidade de tomar o depoimento do presidente, mas até o momento ele não foi marcado. Hoje se completaram cem dias desde a primeira manifestação policial sem que o presidente tenha sido ouvido.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu, em ofício dirigido ao ministro Celso de Mello, que seja dada a Bolsonaro a oportunidade de decidir se pretende permanecer em silêncio, se quer falar por escrito ou se falará pessoalmente. O ministro da Justiça, André Mendonça, já disse à imprensa, em junho, que Bolsonaro quer se manifestar por escrito.
A decisão sobre a tomada de depoimento de Bolsonaro caberá a Celso de Mello. Dois fatos colaboraram para que a data ainda não tenha sido marcada, além da manifestação de Augusto Aras: as férias do Judiciário, que ocorreram de 1º de julho a 1º de agosto, e os problemas de saúde do ministro, que no dia 19 de agosto saiu em licença para outra cirurgia e desde então não tem participado das sessões virtuais do tribunal.
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